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Bolsas têm dia Garfield e lembram por que não gostam de segundas-feiras

Medo de segunda onda de Covid e reportagem sobre bancos globais deixaram investidores tão mau humorados quanto o gato mais famoso dos quadrinhos

Por Tássia Kastner
Atualizado em 9 out 2020, 16h29 - Publicado em 21 set 2020, 18h56

Hoje foi o dia do mercado financeiro incorporar o Garfield e amanhecer com uma caneca (ou balde) de café na mão entoando o mantra “eu odeio segundas-feiras”.

Isso porque o massacre das bolsas já estava anunciado desde sexta e foi se intensificando no final de semana, quando os mercados estavam fechados e não era possível reagir ao noticiário negativo. Aí na reabertura todo mundo se desespera e é basicamente o resumo do pregão, que nem terminou tão feio assim.

Por desespero entenda: bolsa em queda, dólar e juros em alta.

O que levou a tamanho mau humor? Investidores não gostaram de saber que cinco grandes bancos com atuação global são suspeitos de manter movimentações ligadas a lavagem de dinheiro por mais de 20 anos, isso mesmo depois de terem fechado acordos com o governo dos Estados Unidos para suspender condutas consideradas ilegais. No período, eles teriam movimentado US$ 2 trilhões (como comparação simples, o PIB brasileiro em 2019 foi de US$ 1,9 trilhão).

A denúncia é fruto de uma reportagem do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos baseada em documentos secretos da FinCEN (Financial Crime Enforcement Network), agência do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

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Foram citados na reportagem JP Morgan, HSBC, Deutsche Bank, Standard Chartered Bank e Bank of New York Mellon. As ações dos cinco sofreram fortes quedas nas bolsas em que são listados. E quando banco tem problema, por prudência o investidor se afasta.

O problema é que não é só essa questão das páginas de negócios (ou de polícia, se preferir) que anda tirando o sono do investidor.

O noticiário de saúde continua com bastante audiência no mercado financeiro e sozinho já seria negativo o suficiente para esta segunda.

Desde sexta-feira (18), o Reino Unido vem manifestando preocupação com o aumento do número de casos de Covid, o que também acontece em outros países importantes da Europa (como França e Alemanha).

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Boris Johnson, o premiê britânico, disse que fará de tudo para evitar um novo lockdown, mas cautela nunca fez mal a investidor nenhum.

E mesmo que não ocorra uma imposição de fechamento de comércio, o risco maior é de fechamento de fronteiras.
Portanto, sofrem as ações de empresas ligadas ao setor de turismo.

Ilustramos com o Brasil: as empresas do Ibovespa que mais se desvalorizaram foram Gol e Azul. Lembra da alta das duas companhias aéreas, que destacamos na segunda passada após o anúncio de que finalmente poderia sair a ajuda do governo? Pois o mercado mais que devolveu: boa parte tinha sido ao longo da semana mesmo e nessa segunda o bicho pegou de verdade.

O Ibov cedeu mais de 1%, mas teve luta para que o tombo não fosse ainda maior. O índice chegou a perder os 96 mil pontos durante a manhã, mas fechou a 96.990 pontos.

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A luta aparece também no volume de negócios: foram movimentados quase R$ 38 bilhões na B3 só nesta segunda, acima da média diária recente que andava rondando os R$ 29 bilhões.

E quando o investidor luta muito em ações, busca compensação no dólar. A moeda americana chegou a encostar nos R$ 5,50 novamente (em uma alta que foi generalizada antes as principais moedas globais).

Ter dólar é ter dinheiro na mão: é como se o Garfield tivesse dizendo “lucro pouco minha lasanha primeiro”.

Magalu

Na sexta-feira, o Magazine Luiza anunciou um programa de trainees exclusivamente para negros. E houve gritaria. Muito investidor se dizendo liberal questionou a medida em redes sociais (vamos pular manifestações de juízes fora dos autos nesse texto).

A máxima do mercado financeiro é bastante simples: as decisões dos gestores da companhia são medidas pela capacidade que elas têm de gerar (ou destruir) valor para o acionista.

Nesta segunda-feira mau humorada, os papéis da companhia subiram 1,77%, a quarta maior alta do índice. O investidor pode não ter comprado Magalu por causa do trainee, mas o que podemos afirmar com certeza é que também não vendeu.

BOLSAS

Dow Jones: -1,84%
S&P 500: -1,16%
Nasdaq: -0,13%
Ibov: -1,32%

MAIORES ALTAS

B2W: +4,01%
SulAmérica +2,86%
WEG: +2,27%
Magazine Luiza: +1,77%
Braskem +1,47%

MAIORES QUEDAS

GOL: −8,46%
Azul: −7,80%
Embraer: −4,79%
Ecorodovias: −4,54%
Iguatemi: −4,51%

DÓLAR

+0,43%, R$ 5,4005

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