Como a diversidade cultural pode trazer vantagem competitiva para empresas
A riqueza nasce das diferenças. E quando entendemos isso, ampliamos nossa capacidade de evoluir.
Durante uma reunião com uma empresa alemã, conversávamos sobre como as diferenças culturais impactam as práticas de liderança. Uma das pessoas contou que, na Alemanha, é inadequado fazer perguntas pessoais no ambiente de trabalho, e que nos Estados Unidos é tão invasivo que pode até render processo.
Já no Brasil, é comum “quebrar o gelo” perguntando sobre a família ou a vida pessoal de um colega. Na nossa cultura, esse tipo de conversa aproxima as pessoas e não é considerado uma indelicadeza.
O que parece trivial em um país pode ser motivo de desconforto em outro. E em um mundo em que empresas se tornam cada vez mais globais, não identificar essas diferenças abre espaço para mal-entendidos, perda de pessoas talentosas e até conflitos, dos silenciosos aos ruidosos.
Segundo uma pesquisa publicada na Harvard Business Review, apenas 45% das lideranças se sentem preparadas para lidar com times culturalmente diversos. Ou seja, mais da metade ainda não têm as ferramentas e habilidades necessárias para conduzir equipes formadas por pessoas de diferentes origens, crenças, idiomas e formas de trabalhar.
Um dos motivos para essa lacuna é o fato de muitas empresas ainda tratarem a diversidade cultural como um “apêndice” da agenda de Diversidade, Inclusão, Equidade e Pertencimento (DIEP). Avançamos muito – ainda bem – quando o assunto é gênero, raça, orientação sexual e pessoas com deficiência, mas a dimensão cultural ainda é um tanto negligenciada.
Para compreender melhor esse desafio, recorro ao livro The Culture Map, da professora Erin Meyer. Ela mostra como as culturas se diferenciam em pontos como comunicação, feedback, tomada de decisão e construção de confiança. A autora sugere até um teste para que lideranças e profissionais entendam seu próprio “mapa cultural” e percebam como podem se adaptar ao interagir com culturas distintas.
É curioso perceber que podemos interpretar mal a atitude de uma pessoa no trabalho apenas porque partimos da nossa própria lente cultural. O “não” direto de uma pessoa europeia pode soar grosseiro para nós brasileiros, mas para ela é apenas uma resposta objetiva.
Outros contrastes como esse são frequentes:
- No Brasil, valorizamos a informalidade e o contato pessoal; já em outras culturas, como a alemã, isso pode ser visto como excessivo;
- Nos EUA, pouco se fala sobre a vida íntima no ambiente de trabalho; no Brasil, as pessoas estendem as relações com colegas para o lado pessoal;
- Em contextos religiosos, como no caso de pessoas muçulmanas, existem protocolos de convivência, como não cumprimentar mulheres com aperto de mão.
A união (de diferenças) faz a força
Mas como empresas e lideranças podem transformar a diversidade cultural em um ativo, e não em uma barreira? A primeira etapa é o conhecimento. Sem consciência sobre essas diferenças, qualquer tentativa de integração será superficial.
O conhecimento precisa ser acompanhado de uma série de práticas, como treinamentos sobre diferenças culturais, estruturas inclusivas e a criação de canais de feedback. A ideia é fomentar um ambiente que, em todos os níveis, valorize os diferentes repertórios em vez de apenas tolerá-los:
- Empresas que integram culturas diversas entendem melhor seus mercados, conquistam a confiança de consumidores globais e criam ambientes com a capacidade de atrair e reter pessoas talentosas de qualquer lugar, já que não é necessário abrir mão da própria identidade;
- Times multiculturais, quando bem liderados, são mais inovadores, criativos e resilientes. Conseguem propor soluções que levam em conta diferentes pontos de vista e, por isso, respondem melhor a crises;
- Lideranças inclusivas olham não apenas para o coletivo, elas enxergam a individualidade de cada pessoa. Sabem que ambientes homogêneos podem parecer mais confortáveis, mas não são os que produzem maior inovação. E entendem que, diante de qualquer sinal de exclusão ou preconceito, é sua responsabilidade agir.
A riqueza nasce das diferenças. Quando entendemos isso, ampliamos nossa capacidade de incluir e evoluir. E em um mundo cada vez mais conectado, essa pode ser uma grande vantagem competitiva.
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