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Qual deve ser a mentalidade dos líderes depois da pandemia?

Empresas e profissionais sairão transformados pela crise do novo coronavírus. Por isso, as mentalidades terão de se transformar também

Por Cris Kerr, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 26 jul 2020, 07h00 - Publicado em 26 jul 2020, 07h00

Matéria originalmente publicada na Revista VOCÊ S/A, edição 265, em 19 de junho de 2020.


Vamos tirar muitas lições diante de toda a experiência que estamos vivendo com a pandemia do coronavírus. E isso vai ocorrer não apenas na dimensão pessoal mas também nas relações de trabalho.

O home office é um bom exemplo. Ouvi várias vezes, durante os treinamentos que ofereço, líderes relutantes dizendo que não acreditam nessa forma de trabalho — algo comum para gestores que ainda estão no sistema de comando e controle, tendo certeza de que os profissionais só entregam resultados se estiverem trabalhando na frente do chefe.

Claro que a crise da covid-19 nos levou ao extremo: as pessoas foram obrigadas a ficar em casa, e as empresas (e as famílias) tiveram de se adaptar a esse cenário. Afinal, não ficamos no modelo tradicional de home office — os filhos estão ao lado demandando muita atenção das mães e dos pais, o que pode comprometer algumas das entregas.

Ficar integralmente isolado não é o melhor caminho, pois as equipes precisam trocar experiências para criar conexões e ter boas ideias. Mas é importante que as companhias pensem numa flexibilidade maior do modelo de trabalho. Acredito que ir de duas a três vezes por semana para o escritório seja o suficiente — ter esse equilíbrio pode ajudar as pessoas a ser mais produtivas e a conciliar as tarefas pessoais e as profissionais.

Em condições mais normais, o home office é visto como um grande benefício. Tanto que, em um estudo realizado pelo International Workplace Group (IWG) em 2019 com mais de 15.000 entrevistados, 83% disseram que o trabalho remoto era fator decisivo para continuar na empresa e 85% afirmaram se sentir mais produtivos com essa flexibilidade. Por isso, sugiro que, que, quando tudo isso passar, a liderança reflita sobre o home office e sobre outras práticas. É preciso urgentemente mudar os modelos mentais atrasados que ficaram tão em evidência durante a pandemia.

Há tempos a geração Z já demanda um novo modelo de trabalho, basea­do na autonomia e nas entregas. Eles querem sentir que os gestores confiam em seu comprometimento pelos resultados apresentados, e não pela cobrança de estar fisicamente no trabalho durante 8 horas seguidas.

Esse olhar cria um ambiente mais dinâmico, produtivo e agradável, porque o empregador faz com que o funcionário se sinta empoderado e responsável por suas metas. Além disso, esse comportamento faz com que o empregado entenda conscientemente que seu trabalho é importante para a engrenagem da companhia girar — o que potencializa a sensação de pertencimento.

Mesmo diante dessa crise e das incertezas que a pandemia nos traz, existe um lado positivo: vejo cada vez mais pessoas humanizadas e sensíveis aos outros. Acredito que esses aprendizados serão refletidos nas corporações, com empregados e lideranças passando a valorizar e a entender as necessidades alheias — o que levará a um trabalho mais inclusivo.

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