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Profissões promissoras: cargo mais aquecido do mercado teve alta de 718%

A Covid-19 mexeu com o mercado de trabalho e provou que os profissionais precisam estar preparados para demandas inesperadas no pós-pandemia

Por Juliana Américo
Atualizado em 29 jun 2020, 09h46 - Publicado em 29 jun 2020, 06h00

Matéria originalmente publicada na Revista VOCÊ S/A, edição 264, em 07 de maio de 2020. 

O empregado não saiu pro seu trabalho, pois sabia que o patrão também não tava lá.” A música O Dia em que a Terra Parou, de Raul Seixas, representa muito bem a rotina da maioria dos trabalhadores brasileiros durante o isolamento social causado pelo coronavírus. Mas, enquanto muitos estão em casa e outros perderam o emprego, alguns setores viram um aumento repentino na demanda por profissionais. A área da saúde, por causa da natureza da crise, é uma das que mais cresceram em ofertas de emprego.

Um levantamento da plataforma de recrutamento Catho, que comparou as vagas abertas nos meses de março de 2019 e março de 2020, indica que profissões relacionadas a esse setor chegaram a abrir quase 4.000 oportunidades em apenas uma semana — outra pesquisa, esta do site Glassdoor, realizada no início de abril, revelou haver mais de 12.000 vagas para médicos e 2.000 para enfermeiros.

Além da saúde, há outros segmentos com o mercado aquecido — é o caso de TI, logística e varejo. Uma das explicações vem do aumento das compras online. Um estudo da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com o Movimento Compre & Confie, identificou que as compras via e-commerce cresceram 30% entre os dias 25 de fevereiro e 20 de março, quando comparadas com o mesmo período do ano passado. Além disso, dados da Ebit, em parceria com a Nielsen, mostram que o número de novos consumidores, ou seja, aqueles que estão adquirindo itens pela internet pela primeira vez, subiu 32% entre os dias 11 e 25 de março.

O segmento dos supermercados também está em alta. A ­Catho revela que esse setor tem mais de 6.000 oportunidades de emprego. E o Glassdoor indica também um aumento para o setor de atendimento ao cliente (com cerca de 10.000 vagas) e logística (mais de 3.000). “Em um primeiro momento, a gente viu um rápido congelamento das vagas. Mas agora alguns setores estão indo na contramão e já se organizaram para voltar a contratar em cargos de diversos níveis”, diz Carolina Cabral, gerente sênior de recrutamento da consultoria Robert Half. Esse é o caso das varejistas que estavam se preparando para uma transformação digital. “Isso não é coisa do momento. É um movimento que já estava acontecendo, tanto que as empresas que estão se destacando já tinham uma plataforma de e-commerce pronta”, afirma Carolina.

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Ilustração: Victor Beuren (VOCÊ S/A)

Para ver e ser visto

Essa explosão de procura por profissionais de alguns setores em decorrência da crise era difícil de ser prevista. Por isso, fica a dúvida: como se preparar para uma explosão repentina no setor no qual trabalha? O segredo está na capacitação constante. Quanto mais apto e atualizado estiver, maiores serão as chances de conseguir se posicionar melhor no mercado durante uma alta.

Segundo Carolina, o ritmo do profissional tem de ser guiado pelo movimento do setor, e mesmo quem não se preparou com antecedência pode aproveitar. “Agora é o momento de tirar os projetos da gaveta. E não podemos pensar apenas na capacitação técnica da área. Nós ainda temos um problema grande com idiomas, então aprender inglês é algo que todos nós precisamos, por exemplo.”

Além disso, não basta estar pronto, é preciso que as empresas saibam disso — logo, manter o currículo atualizado e ser ativo em redes sociais profissionais, como o LinkedIn, são atitudes importantes. “Esse é o momento de se preocupar com a imagem e a visibilidade, porque os headhunters estão olhando”, diz Carolina. E isso é uma tendência global. Segundo um estudo do site americano CareerBuilder, 70% dos empregadores olham as redes sociais dos candidatos.

Para se destacar na multidão, o currículo precisa ser atrativo e customizado para a vaga em questão: vale ajustar suas experiências para mostrar como elas são relevantes para aquele emprego — sem mentir, é claro. No CV, a experiência profissional é o que mais pesa: 80% dos recrutadores valorizam mais essa informação, de acordo com outro estudo da Catho, feito com 400 profissionais de recrutamento em 2019.

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Comportamento vale muito

Nos últimos anos, tem se falado bastante sobre a importância das competências comportamentais para manter a empregabilidade. E os números provam isso: um estudo da Universidade de Michigan mostra que quem possui habilidades sociais de controle emocional e comunicação é 12% mais produtivo. “Muitas empresas vêm buscando trabalhar a transformação digital, o que, por si só, já pede uma mudança de mindset. E agora com o coronavírus se mostrou cada vez mais importante a capacidade de se reinventar e ser flexível”, afirma Susanne Andrade, coach e autora do livro O Segredo do Sucesso É Ser Humano (Biz, 29,90 reais).

Para a especialista, o pós-crise vai demandar profissionais com inteligência emocional, empatia e criatividade, além de aptidão para comunicação e cooperação — independentemente da área. “O mundo não será mais o mesmo, e para conseguir espaço no mercado será preciso desenvolver novas habilidades de relacionamento.”


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