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Os conselhos de executivas de sucesso para mulheres pensando em desistir

Presidentes, vice-presidentes e diretoras de grandes empresas dão dicas para mulheres que estão sofrendo da Síndrome do Impostor

Por Camila Pati
Atualizado em 9 mar 2020, 21h38 - Publicado em 9 mar 2020, 11h26

São Paulo – Atire o primeiro crachá, o profissional que nunca se sentiu um impostor, uma farsa prestes a ser descoberta. O incômodo sentimento de incapacidade tende a ser mais percebido pelas mulheres. A grande maioria das executivas dessa reportagem assumiu já ter sido acompanhada por ele em algum – ou alguns momentos – de carreira.

“Todas as vezes que mudei de posição achei que não daria conta e não era boa o suficiente. Algo que aprendi a fazer foi perguntar para quem estava me oferecendo a posição: por que você acha que eu sou capaz desse desafio. Muitas vezes me surpreendi e percebi talentos em mim que eu nunca vi ou valorizei”, diz Maíra Habimorad, diretora acadêmica do Ibmec –SP.

Sempre que a presidente da IBM para América Latina, Ana Paula Assis, identificou os sintomas da Síndrome do Impostor, e isso aconteceu algumas vezes, pediu ajuda.  “Fui atrás de coaching, fui atrás de mentoria. Porque é uma situação comum, principalmente com as mulheres”, diz a executiva, que participa do Executivas do Amanhã, programa de mentoria de liderança feminina para estudantes.

Em vez de paralisada a executiva usa a incerteza como motor de desenvolvimento. “Eu acho a Síndrome do Impostor importante para crescer, porque a partir do momento em que você acha que está tudo bem, você entra na zona de conforto e para de crescer”, diz.

Às mulheres assombradas pela sensação de incapacidade e que estejam a ponto de desistir de projetos profissionais, reunimos conselhos dessas e de mais executivas.  São diretoras, vice-presidente e presidentes empresas que adquiriram a “saudável mania de seguir em frente”, como diz Gabriela Viana, diretora de marketing da Adobe para América Latina:

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Ana Paula Assis, presidente da IBM:

“O conselho que eu dou, toda oportunidade que você experimenta na sua vida, é uma oportunidade de aprendizagem. É diminuir a autocobrança, diminuir a preocupação com o sucesso, e focar a oportunidade de aprender e crescer.  O sucesso é uma consequência, o objetivo deve ser aprender, crescer e se desenvolver”.

Cristina Palmaka, presidente da SAP:

“Nunca desista se for o seu sonho, se for algo que você queira. Se isso te faz feliz, não pode desistir, tenha coragem. A coragem é uma das competências mais importantes, junto com a resiliência e a disciplina. As pessoas precisam aprender a conviver em zonas de desconforto. Mesmo que não esteja preparada, tem que trabalhar duro, se posicionar, mostrar sua ambição e ir atrás dos sonhos”.

Andreia Dutra, diretora-presidente da Sodexo:

“O meu conselho é: tenha coragem, vá em frente e teste os seus limites. Se o seu gestor direto acha que você está preparada para assumir um novo desafio e o RH está validando isso, como você pode achar o contrário? Como você pode achar que não consegue se nem mesmo tentou? Se todo mundo esperasse estar pronto para fazer as coisas, a gente não estaria aqui hoje”.

Ednalva Vasconcelos, diretora financeira do SAS para América Latina:

“Nesse momento, nada de auto sabotagem. Pare, pondere, reflita o que te levou a iniciar este projeto. Analise tudo que você já batalhou para chegar aonde chegou. Se achar necessário, compartilhe essas informações com alguém de confiança que possa trazer um olhar “fresco” para a situação e a te ajudar a enxergar de forma mais clara a sua realidade.”

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Patrícia Cavalcanti, diretora de Field Services da Schneider Electric Brasil:

“O autoconhecimento é uma grande vantagem. Utilize ao máximo seus pontos positivos e não pare de trabalhar suas fraquezas. Nos momentos de frustração, busque resiliência. Perceba quando é hora de avançar e quando é hora de recuar. Espere a hora certa para agir. Desenvolver essa sensibilidade é fundamental conforme vamos avançando. Escolha um mentor ou um profissional de confiança para receber orientações”.

Ana Fleury, vice-presidente & CIO (Chief of Transformation Officer) para América Latina da PepsiCo: 

“Os desafios foram e ainda são muitos, mas aprendi que com foco nos objetivos é possível alcançar todas as metas pretendidas. A capacidade profissional não está no gênero, mas na possibilidade de cada pessoa em se capacitar, se desenvolver e se aprimorar dia a dia. Tenha humildade de reconhecer que tudo muda o tempo todo e que o conhecimento nunca é suficiente. Isso a tornará uma aprendiz permanente.”

Solange Sobral, vice-presidente de Operações da CI&T:

“Não deixe ninguém – nem mesmo a sociedade – limitar sua capacidade de sonhar e de buscar o que almeja. A jornada será dura, mas busque ajuda, grite, porque, hoje, felizmente, algumas pessoas já começam a ouvir, e, sem dúvida, você encontrará um caminho. Nos dias de hoje, precisamos mesmo aprender a olhar para o lado e criar oportunidades para as pessoas que, de fato, não tiveram as mesmas que uma minoria da nossa população brasileira teve.” 

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Renata Randi, chief marketing and alliances officer (CMAO) do Grupo Logicalis:

“Minha dica é: permita-se! Vá em frente e se prepare. Se não sabe, pergunte. Se não conhece, estude. Se não entendeu, sempre vai ter alguém que pode te ajudar. Mas, principalmente, não se sabote. O mais complicado que pode acontecer é você perceber que aquilo não é para você, porque você não gostou ou porque o investimento que precisa fazer para se manter numa posição ou seguir na carreira é maior do que você quer pagar. Mas isso só depois que você já experimentou”.

Ana Viani, diretora de vendas da Atos na América do Sul:

“Não desista e não leve em consideração o que o outro acha. Pense no que você acredita. Se renove e siga em frente. Vá atrás das habilidades ls que achar que serão complementares para sua carreira e não tenha medo de inovar. O seu diferencial é você quem cria. É você quem faz.”

Gabriela Viana, diretora de marketing da Adobe para América Latina:

“Só existe uma maneira de saber se você “dará conta”: fazendo. Não será realmente mais fácil se você for mulher. Estamos inseridas em um ambiente de trabalho pensado por e para homens. Nós todas temos momentos de dúvidas, e normalmente mulheres se sentem fazendo trocas mais desiguais entre carreira e vida pessoal. Mas, na minha experiência, “abraçar” um desafio é sempre recompensador, senão pelo resultado, com certeza pela jornada. Meu conselho: desenvolva a saudável mania de seguir em frente”.

Lilian Assis, diretora de comunicação e branding da IDEMIA para a América Latina:

“Desenvolvi a minha carreira profissional na área de tecnologia em cima de um mantra pessoal: “as pessoas nos tratam como permitimos”.Meu conselho é: posicione-se, faça da falta de representatividade o seu diferencial e não desista jamais do que você almeja. Ser a única mulher em uma sala de reunião pode ser a vantagem competitiva perfeita. A diversidade é a condição para alcançar o disruptivo”.

Daniela Grelin, diretora de comunicação corporativa da Avon Brasil e diretora executiva do Instituto Avon:

“Minha recomendação é que essa profissional pense em tudo o que lhe interessa, seus objetivos, o que quer alcançar e o que dá sentido à sua vida. É muito importante que a decisão seja pautada não pelo medo, mas pela coragem, atributo que une todas as mulheres. Meu segundo conselho é que reconheçam as pessoas que fazem parte de sua rede de apoio.”

Maíra Habimorad, diretora acadêmica do Ibmec SP:

“É legal se comparar com mulheres ao seu redor que tenham uma vida parecida com a sua. Suas amigas que não trabalham sempre terão mais tempo para os filhos que você por exemplo. Ou as que não tem filhos, mas dedicação ao trabalho. Não é justo se comparar com alguém que tem um contexto totalmente diferente”.

Barbara Fortes, diretora de operações da Espaço Laser:

“Só em Hollywood que o herói é destemido e tem absoluta certeza que dará tudo certo. Por isso, precisamos aprender a conviver e dialogar com nossos medos para que eles se tornem companheiros e não impeditivos. Uma dica é acionar sua rede apoio: colegas, amigos e familiares. Divida sua ansiedade com eles, o medo compartilhado diminui”.

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Raquel Zagui, vice-presidente de recursos humanos do Grupo Heineken no Brasil:

“Em alguns momentos pode ser cansativo, mas é preciso se posicionar e cobrar mudanças no ambiente corporativo constantemente. Além disso, resiliência no meio da jornada é fundamental. Eu, como executiva, acredito que tenho o dever de dividir minha história como mulher, mãe e profissional e plantar sementes para que a empresa em que atuo seja mais inclusiva. Sempre digo que ninguém precisa almejar uma posição de C-Level, mas se uma mulher tem esse desejo, o gênero dela não pode ser impeditivo para conquistar esse objetivo”.

Ana Costa, diretora de recursos humanos da Hershey’s:

“O momento mais crítico que vivi foi quando sentei na mesa de um curso no INSEAD com um grupo de executivos engenheiros e eu era a única mulher. Nessa hora, pensei em desistir e ir embora correndo. Porém, criei coragem e fiquei. Enfrentar o medo e a insegurança e não deixar eles nos paralisar é fundamental. Naquele instante tirei a ‘capa’ de super-mulher, super-mãe, super-tudo e me permiti ser mulher real e humana, com todas as falhas inatas a isso”.

Paula Paschoal, diretora-geral do PayPal Brasil:

“Muitas mulheres costumar se autossabotar, acreditando que não estão 100% prontas ou que não conseguirão conciliar vida pessoal e trabalho. Eu mesma quando estava grávida tive medo de contar para o meu chefe na época. Porém, me enganei e recebi uma acolhida maravilhosa: ele me disse que a gravidez seria um MBA para que eu me aperfeiçoasse como mulher e profissional. E posso dizer que foi exatamente isso o que aconteceu. O fato de me tornar mãe me fez uma executiva mais efetiva no dia a dia e, mais, importante, ciente dos limites e timing dos outros”.

Rafaella Carvalho, diretora jurídica da Cyrela:

“Foram tantos momentos desafiadores! O primeiro dia num estágio novo, a primeira (de várias) reuniões em que eu era a única mulher. Muitas vezes senti um frio na barriga e pensei que não era boa o suficiente para estar ali, mas o desejo de aprender e de fazer a diferença me fez ir em frente. Um conselho é se cercar de gente que acredita em você. Na minha carreira, por exemplo, tive diversas pessoas que me apoiaram: família, gestores inspiradores e, principalmente, meu marido e um grupo de oração de mulheres do qual faço parte”.

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  • Colaboraram: Juliana Américo, Luciana Lima, Mariana Poli e Monique Lima

 

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