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Autor mostra quais são as emoções mais paralisantes

Na obra Dance com Seus Medos, Paulo Alvarenga aborda casos reais e suas resoluções com base em inteligência emocional e psicologia positiva

Por da Redação
Atualizado em 19 jul 2020, 07h00 - Publicado em 19 jul 2020, 07h00

Matéria originalmente publicada na Revista VOCÊ S/A, edição 265, em 19 de junho de 2020. 

Medo, preocupação e insegurança são as três palavras que traduzem o sentimento dos brasileiros frente à pandemia do novo coronavírus, segundo um estudo conduzido pela área de inteligência de mercado do Grupo Abril. E foi justamente sobre essas sensações que o coach Paulo Alvarenga escreveu em seu novo livro, Dance com Seus Medos.

Baseado em casos reais de pessoas que participaram de seus treinamentos, ele mostra quais são as emoções que mais nos paralisam e como lidar com elas. Criador de programas como o Alta Performance Pessoal (APP) e o Inteligência Emocional para Alta Performance (IEAP), Paulo também é mentor de CEOs e já trabalhou com empresas como Banco do Brasil, Whirlpool, O Boticário e Votorantim. Leia a seguir um trecho publicado com exclusividade por VOCÊ S/A.


TRECHO DO LIVRO

Capítulo 2 — Mude seu estado, mude sua vida

(…) Se você está bem, é provável que reaja de maneira positiva às situações. Se não estiver tão bem assim, certamente olhará para tudo de maneira mais crítica. Vamos supor que você esteja num dia ruim, aquele dia em que a pedra no sapato está incomodando mais do que nunca, em que nada flui, em que a vida parece difícil demais para suportar. Nesse dia, você naturalmente usa o corpo de maneira diferente do que se tivesse recebido a notícia do nascimento de seu filho ou de uma promoção no trabalho. Sua linguagem e sua fisiologia mudam conforme seu estado interno — e, consequentemente, seu foco muda também, percebe?

Assim, é importante que você perceba que as três coisas que determinam seu estado interno em qualquer momento são:

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1. sua linguagem;

2. a maneira como você usa seu corpo, ou seja, sua fisiologia;

3. o que você escolhe focar.

Vou usar o exemplo de uma amiga para explicar o que são esses três elementos e como eles são importantes. Essa amiga já teve crises sérias de síndrome do pânico, um problema bem conhecido de quem tem quadros de ansiedade constantes. Sempre que ela sentia uma inquietação, tudo ganhava uma proporção assustadora em sua mente. Ela criava imagens mentais e quadros tão negativos do que poderia acontecer que não conseguia ter uma percepção da realidade.

(…) Agora, imagine só: centenas de milhares de pessoas com quadros de pânico sofrem com isso diariamente. Saem do estado natural e começam a criar, com a mente, cenários que disparam cortisol na corrente sanguínea e fazem com que a fisiologia mude. Elas colocam o foco naquele episódio que a mente cria, e, em segundos, o corpo responde. Quando o foco muda, a vítima da ansiedade transforma seu estado de maneira negativa, alterando tanto a fisiologia (a postura, os gestos) quanto a linguagem.

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Muitas delas sentem os sintomas das doenças imaginárias e acreditam que estejam com tais doenças. E, quando notamos isso, entendemos que temos o poder de mudar nosso estado — tanto para melhor como para pior. Tudo é uma questão de ajustar o foco.

Foco é o questionamento que eu faço, é onde está meu pensamento. Minha avó sempre dizia: “Quem procura acha”. Por isso eu pergunto: O que você está procurando? Onde está seu pensamento? Você tem cuidado do seu pensamento ultimamente ou o deixa vagar por aí? Tem feito rituais­ para fortalecer seu pensamento?

(VOCÊ S/A/Divulgação)

Se você coloca seu foco em um problema, ele naturalmente começa a se tornar mais forte. Se você coloca o foco num simples patinete que está na rua, inevitavelmente você passa a ver apenas patinetes na rua. (…)

Ao mesmo tempo, dependendo de sua fisiologia, ela o leva a pensar em algo negativo ou positivo. Quando seu corpo está reagindo a um acontecimento feliz — ou seja, quando você sorri, se sente leve —, naturalmente sua percepção do mundo passa a ser mais alegre. Uma pessoa que está relaxada e feliz dificilmente entra num estado de pânico — nem mesmo diante de um grande desafio ou crise. Uma pessoa que está recebendo aplausos num palco ou comemorando uma vitória não se sente destruída ou incapaz. Fisiologicamente, essa pessoa está “armada” e focada em outra coisa. Logo, o comportamento dela é diferente do que se estivesse com os ombros caídos, em casa, sofrendo por algo que a mente criou.

(…) Por fim, é importante se conscientizar em relação à linguagem que você usa consigo mesmo. O que você verbaliza sobre si mesmo? Esses dias um conhecido meu fez uma afirmação deturpada sobre si mesmo. Em vez de dizer que teve determinado comportamento, ele disse que “era assim”, já se tachando de algo como se fosse para a vida toda, como se aquilo nunca pudesse ser mudado. Quando verbaliza algo, você gera um pensamento. Se a verbalização é positiva, você gera um estado emocional positivo. Do contrário, o que você diz pode virar uma crença que limita seu potencial de desenvolvimento.

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Perceba que temos o poder de verbalizar o que quisermos e ser quem viemos para ser. Que tipo de linguagem você mais tem usado consigo mesmo no dia a dia?

Esses três elementos juntos — linguagem, fisiologia e foco — têm a capacidade de mudar seu estado emocional e, consequentemente, mudar a sua vida. Vamos aprender um pouco mais sobre cada um deles.

Linguagem

Segundo pesquisas da Universidade da Califórnia conduzidas pelo professor Albert Mehrabian, existem três elementos fundamentais da comunicação humana:

1. As palavras — ou seja, as mensagens verbais — representam apenas 7% daquilo que de fato influencia o comportamento humano.

2. O tom de voz representa 38% de nossa influência. Em outras palavras, o modo como você usa sua voz produz maior impacto do que aquilo que você diz.

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3. A fisiologia — ou seja, as mensagens não verbais — representa 55%. Isso quer dizer que a maneira como você usa seu corpo representa a maior parte daquilo que de fato influencia o comportamento.

Você já deve ter percebido que, depois que passamos a nos comunicar pela internet, inúmeras conversas ficaram distorcidas. As pessoas mandam mensagens de texto que muitas vezes não conseguimos interpretar corretamente, já que não ouvimos seu tom de voz e não estamos olhando para elas. Isso gera alguns mal-entendidos, como vemos no exemplo a seguir. Ele também ilustra como o significado que damos às coisas a partir de nosso estado interno e de nossa percepção pode mudar tudo.

(VOCÊ S/A/Divulgação)

Conheço uma moça — vamos chamá-la de Mariana —, que é viciada em novas tecnologias e raramente fala ao telefone. Com o namorado ela também se comunica por meio de aplicativos. Certa manhã, depois de conversar com uma amiga que tinha sido traída pelo namorado e que relatou uma série de comportamentos estranhos do parceiro, Mariana decidiu que averiguaria o comportamento do próprio namorado.

Mandou uma mensagem de bom-dia pela manhã e, como sempre, ele respondeu com um bom-dia. Ela achou estranho. Não ouviu o tom de voz dele, e já começou a imaginar que o namorado estava sendo “frio” com ela. Porém, na verdade, ele estava apenas entrando numa reunião de trabalho, sem tempo para conversar de fato.

Dentro da fantasia que ela começou a criar, Mariana enviou outra mensagem: “Está tudo bem?”. Lembre-se: ele estava numa reunião de trabalho e não conseguia responder. Prático, mandou apenas um emoji com um sorriso.

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Aquilo foi, para ela, a confirmação do distanciamento entre os dois. Começou a gerar um estado emocional negativo, de raiva. Quando deu meio-dia, ela o convidou para almoçar. Ele, mais uma vez, estava trabalhando e disse que não poderia, enviando a resposta: “Dia cheio. Sorry”.

Estou trazendo esse exemplo para ilustrar como milhares de comunicações acontecem nos dias de hoje. As palavras usadas por escrito nos aplicativos, a linguagem desconectada do contexto, do tom de voz, do olhar, não podem exprimir a emoção por trás.

Enquanto ele vivia aquele dia de trabalho, pensava em convidá-la para jantar, mas Mariana já recuava, acreditando que ele não tinha mais interesse nela. Perceba que o foco de Mariana na história da amiga a fez criar um cenário que ela mesma acabou acreditando ser real, porque não estava presente para os três elementos da comunicação.

E, quando disse a si mesma que o namorado estava desinteressado, ela passou a acreditar naquilo e se sentiu rejeitada. Logo, seu dia foi péssimo, porque ela fez uma comunicação completamente equivocada dos fatos para si mesma. Sua linguagem estava errada.

Todos temos a mania de interpretar os fatos de acordo com um prisma pessoal. É raro alguém imaginar: “Será que essa pessoa está respondendo desse jeito porque está com problemas?”. Outro dia, conversando com um amigo, ele disse que, na noite anterior, seu chefe havia delegado a ele algumas tarefas de maneira ríspida. Segundo ele, o líder, que costumava ser alegre e receptivo, tinha enviado um e-mail com tópicos que precisavam ser resolvidos até a semana seguinte.

“Acho que ele está bravo comigo”, foi o que ele disse a si mesmo.

Como não conversou com o chefe na manhã seguinte, tratou de fazer tudo o que havia sido pedido, com medo. À tarde, no entanto, descobriu que uma pessoa da família do líder havia falecido, e que ele havia delegado as funções ao subordinado rapidamente, sem pensar muito, porque estava abalado e não teria tempo de fazer isso no dia seguinte.

É importante ter isso em mente. Não apenas nossa própria comunicação nos afeta, como muitas vezes deixamos que a comunicação das outras pessoas nos afete. E podemos fazer leituras completamente equivocadas do contexto quando a comunicação não é feita por meio de uma leitura corporal, do timbre da voz.

(VOCÊ S/A/Divulgação)

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