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O que foi a Mania das Tulipas?

Foi a mãe de todas as bolhas, na qual flores passaram a valer tanto quando imóveis. Veja o que ela tem a ensinar.

Por Alexandre Versignassi
10 dez 2021, 07h56

Rolou na Holanda, entre 1634 e 1637. No auge dessa mania especulativa, dava para negociar um único bulbo de tulipa pelo preço de uma casa. As tulipas caíram no gosto dos endinheirados da Europa Ocidental logo que foram trazidas da Turquia, no início do século 17. E a Holanda virou o centro produtor dessas flores esbeltas.

Aí um vírus entrou na jogada. Ele danificava o pigmento de algumas tulipas, que nasciam com riscos brancos entremeando o pigmento. A flor provavelmente não curtia. Mas humanos gostavam. Possuir uma tulipa com listras leitosas virou garantia de status – tanto que essas flores ganharam um nome pomposo: Semper Augustus. E os preços foram subindo. Em 1634, uma casa pequena em Amsterdã custava mil florins; uma Semper, 2 mil. E a mania nem tinha começado.

O mercado pegou fogo mesmo quando criaram um novo ativo financeiro: os “títulos de Semper Augustus”. Você pagava, tipo, 1,5 mil florins adiantados para um florista no inverno, e ele dava em troca um contrato. Quando a flor nascesse, na primavera, ele que pagava o que a flor tivesse rendido.

De cara, passaram a comercializar os próprios contratos. Se você tivesse pagado 1,5 mil e aparecesse alguém oferecendo 1,8 mil, talvez valesse a pena vender. Quem comprava por 1,8 mil encontrava gente a fim de levar por 2,5 mil, na esperança de que o valor de mercado da Semper subisse de patamar lá na frente.

Resultado: entre 1634 e 1636, o preço desses títulos subiu 300%, para 6 mil florins. E a mania contaminou as variedades mais pedestres da flor. A saca de bulbos de tulipas amarelas foi de 20 florins para 225. Alta de 1.125%. Sabe quando uma alta do bitcoin faz com que outras criptos, menos famosas, subam bem mais? Então. Muita gente fez fortuna com a brincadeira.

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Mas a festa só continuaria se os preços subissem para sempre. Gente a fim de pagar caro por algo não muito útil, porém, é um recurso finito. Os próprios floristas não encontravam mais clientes dispostos a dar uma mansão em troca de uma tulipa. Modas passam…

E quem tinha comprado títulos pelo preço de uma mansão para ver se lucrava 300% trumbicou-se. Em 1637 esse mercado já tinha colapsado. Flores voltaram a ter preço de flores, e os títulos viraram lixo. Moral da história: ativos cujo único lastro é gente que compra na esperança
de vender mais caro depois não costumam dar certo no longo prazo.

Seja no século 17, seja no século 21.

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