A história começa com as Grandes Navegações. Portugal e Espanha passaram a lançar navios com a ideia de estabelecer uma rota direta de comércio com a Índia.
O subcontinente indiano era a fonte das commodities mais valiosas da época: as especiarias (cravo, canela, noz-moscada) – luxos alimentícios que valiam seu peso em ouro na Europa.
Portugal e Espanha dominavam esse comércio. Tinham a tecnologia para produzir navios intercontinentais confiáveis e acesso às linhas de crédito dos banqueiros de Florença.
Enquanto isso, outros países tentavam a sorte. Um deles era a Holanda. Os Países Baixos tinham seis empresas de navegação dedicadas a montar expedições para a Ásia em busca de especiarias.
Mas a falta de bons navios e de marinheiros com experiência em mar aberto cobrava caro. Dos 22 barcos que elas mandaram para a Índia em 1598, por exemplo, só 12 voltaram.
Não era simples conseguir financiamento para as expedições com um índice desses. O governo da Holanda, então, teve uma ideia fora da caixa: diluir o risco.
Convidaram toda a população com algum ouro sobrando para entrar na jogada. Cada investidor daria um pouco de dinheiro, e ficaria com uma porcentagem nos lucros se as expedições dessem certo.
Em 1602, o Estado fundiu as seis empresas de navegação em uma só, de grande porte: a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Então passou a vender “participações” na companhia.
Nascia ali, naquele exato momento, o conceito de “ações”: pedaços de uma empreitada que dão direito a uma parte do lucro que ela eventualmente levantar.
1.143 pessoas se tornaram acionistas da Cia. da Índias – que se tornaria a maior e mais lucrativa empresa do seu tempo.
Em 1607, um terço das ações tinha trocado de mãos. Ou seja: bastou surgirem as ações para que aparecesse o mercado de ações.