Inflação é algo ruim. E ninguém traça metas para coisas ruins. Tipo: você não tem uma “meta de gripe” para o ano que vem. Mas por que, então, o Banco Central TEM meta de inflação?
Porque inflação é como vinho: nociva em grandes quantidades, mas benéfica em doses moderadas. Se nenhum preço jamais subisse, significaria que a economia travou.
Preços em leve alta sinalizam gargalos de oferta. E isso é saudável: se a esfiha sobe de preço no seu quarteirão, pode ser um sinal de que há demanda para uma nova esfiharia.
Quem coloca moeda em circulação é o Banco Central – ele imprime dinheiro e empresta aos bancos. Quanto dinheiro? Depende.
Grosso modo, o BC empresta muito quando implementa uma Selic baixa e empresta pouco quando impõe uma Selic alta.
Muito tempo sob juros baixos coloca uma torrente de dinheiro novo em circulação – o que faz a economia crescer e gera empregos.
Mas se a produção de coisas para comprar com esse dinheiro novo não aumenta também, cria-se um gargalo monstruoso de oferta. E o que temos é uma inflação fora do controle.
E de qual seria, então, uma inflação “sob controle”? Entende-se que algo entre 2% e 4% é ok. Por isso, o “centro da meta” hoje é de 3,50%.
Se a inflação estiver mais alta do que isso, significa que os juros devem permanecer num patamar elevado. Se estiver mais baixa, o BC tem sinal verde para baixar a Selic com força.
A meta tem uma “margem de erro”, de 2 pp para cima (o teto) ou 2 pp para baixo (o piso). Ou seja: uma inflação em até 5,50% já dá uma certa manga para o BC cortar os juros.