Não foi só “da poupança” o confisco. O Plano Collor sequestrou também CDBs, fundos de renda fixa, dinheiro em conta corrente e no overnight.
Dos investimentos tradicionais, só ações ficaram de fora (a bolsa era pouco relevante: o valor de mercado somado de todas as empresas de capital aberto ficava em 5% do PIB, contra 50% hoje).
Na poupança e nas contas correntes fizeram assim: você só poderia sacar o equivalente a R$ 12.250 em dinheiro atual (50 mil cruzados novos na moeda de então).
E pronto. O resto ficaria congelado por 18 meses rendendo a inflação mais 6% ao ano. O choque pegou também as contas Pessoa Jurídica, vale lembrar.
O governo Collor fez isso, no dia 16 de março de 1990, como uma tentativa atabalhoada de frear a inflação. O IPCA tinha fechado o ano anterior em 1.972%.
Em fevereiro, o mês anterior ao anúncio do confisco, os preços tinham quase dobrado em quatro semanas.
Para matar a inflação, tira-se dinheiro de circulação. Hoje, governos fazem isso subindo os juros e segurando gastos públicos.
Collor e sua equipe econômica entenderam que era preciso algo mais violento. E praticamente secaram o estoque de dinheiro em circulação.
A inflação caiu mesmo. Em um mês, desacelerou daqueles 75% ao mês para 7%.
Mas custou caro. Sem moeda ou crédito fluindo nas artérias da economia, o PIB caiu 7,8% no segundo trimestre de 1990.