Para começar, não existe “o metaverso”. O que há são “metaversos”, no plural: mundos virtuais com usuários que interagem via avatares.
Antes de entrar em detalhes, vale dar uma linha do tempo mais sólida. “Meta” é o termo grego para “além”.
Aristóteles e sua turma, porém, nunca usaram o prefixo ligado à palavra “universo”, como a gente faz hoje.
O termo apareceu pela primeira vez há pouco tempo. Foi em 1992, num livro de ficção científica: Snow Crash, de Neal Stephenson.
“Metaverso” ali era um mundo virtual em 3D do futuro. As pessoas mergulhavam nele para escapar de uma realidade distópica. Lá dentro, viviam na forma de avatares.
Corta para 2003. Nascia Second Life, o primeiro mundo virtual feito sob medida para avatares. Era só baixar e sair caminhando por lá, e conversando com outras pessoas.
Ele virou um queridão do mundo dos negócios. A Adidas colocou uma loja de tênis para avatares lá dentro. O U2 deu um show.
Jornalistas mais cultos logo chamaram a atenção para o fato de que a coisa tinha tudo a ver com o conceito de “metaverso” criado por Stephenson.
E aí… E aí nada. Second Life flopou depois de alguns anos de hype. O público simplesmente cansou. Mesmo assim, várias empresas lançaram mundos virtuais parecidos.
Mas a coisa só pegou tração de novo mesmo em 2019. Foi quando um desses jogos, o The Sandbox, estreou uma versão em NFT.
Ao comprar um tênis para o seu avatar lá dentro, o pisante virtual passa a ser uma propriedade sua, registrada na blockchain do Ethereum.
Nisso, você pode vender o tênis livremente – ainda que as operações só possam acontecer dentro do ambiente da The Sandbox.
Em 2020, veio a Decentraland, outro mundo virtual ligado à blockchain do Ethereum. Dá para jogar pôquer com cripto lá dentro.
Esses mundos já nasceram chamando-se a si próprios de “metaversos”. Em outubro de 2021, Mark Zuckerberg mudou o nome do Facebook para “Meta”.
O objetivo da empresa agora é criar ambientes virtuais, a começar pelo Horizon Worlds, o metaverso da Meta.
Já a ideia de "o metaverso", no singular, é um mero exercício de imaginação. Seria uma versão imersiva da internet inteira.
Seu avatar saltaria livremente de um metaverso para outro. Você poderia comprar um tênis virtual no Decentraland e vender no Horiozon.
O mais próximo que existe disso é a Metamask, uma carteira virtual de Ethereum. Você deposita cripto lá, e consegue usar em todos os metaversos.