O que é o efeito Cantillon?

economia

Em um cenário de inflação descontrolada, quanto mais rápido o dinheiro recém-fabricado chegar em você, maior será o seu poder de compra.

Pelo seguinte: você terá mais oportunidades de adquirir o que precisa antes de os preços subirem como um todo. Esse é o efeito Cantillon, descoberto pelo francês Richard Cantillon no século 18.

Imagine um país pequeno, com cem habitantes. Um desses cidadãos, o João, inventa uma máquina mágica capaz de imprimir dinheiro – falsificações perfeitas.

Ele vai fazendo as notas e comprando TV nova, geladeira nova, fogão novo para a família toda.

O dono da loja de eletrodomésticos nunca viu algo assim. Num país tão pequeno, essa alta na demanda é algo brutal. Então, ele sobe os preços. E sai para gastar os lucros no supermercado.

A dona do supermercado, que nunca vê ninguém torrar dois mil em uma compra, fica animada: “A coisa tá boa, hora de um reajuste nos preços”. 

Começa, na prática, um leilão: os comerciantes põem o preço lá em cima – e quem puder pagar mais caro leva. Bem-vindo à inflação. E ela tem uma característica cruel. 

Na etapa em que interrompemos nossa história, o vendedor de picolé já está pagando mais caro no supermercado, mas o dinheiro extra em circulação ainda não chegou ao seu bolso.

Se o dono da loja de eletrodomésticos e a proprietária do supermercado não usarem seu dinheiro extra para comprar sorvete na rua, ele vai lucrar menos.

Na vida real, a impressora de dinheiro é o Banco Central. A grana que o BC “fabrica” entra na economia na forma de crédito bancário, e só depois chega ao cidadão comum, já com o valor defasado.

Ou seja: a inflação agrava desigualdades. Enquanto o dono da loja de eletrodomésticos se sente mais próspero, o vendedor de sorvete fica mais pobre.

Na prática, a inflação acaba funcionando como um imposto extra para quem está mais distante da fonte de dinheiro novo. 

vocesa.com.br

Veja essa e outras matérias em