O termo está umbilicalmente ligado às criptomoedas, claro – a primeira rede de blockchain da história é a do Bitcoin.
Mas existe uma analogia que ajuda a introjetar o conceito para quem não trabalha com TI: as matrículas de imóvel.
Se você nunca viu uma, saiba que é algo relativamente simples: um documento registrado em cartório com os nomes de todos os proprietários que uma casa já teve, desde a primeira entrega de chaves.
Vamos dizer que você comprou em 2023 um apartamento construído em 1980. E que ele teve 10 donos antes de você. A matrícula vem com o nome e o CPF de todos. Sua identificação estará no topo da lista.
A matrícula é como um banco de dados inviolável. O registro de cada proprietário é um bloco de informação encadeado para sempre aos demais. Uma “cadeia de blocos”. Em inglês, blockchain.
A diferença é que na blockchain do Bitcoin (BTC) o que fica registrado em cada bloco é o número de uma carteira virtual – o lugar para onde uma fração de BTC foi transferida.
A “entrega das chaves” de um Bitcoin é o momento da mineração. Tipo: eu minerei 0,01 BTC. O número da minha carteira virtual ficou registrado na blockchain, mostrando que o dono sou eu.
Aí eu te vendo. Isso cria um novo bloco de informação, que agora liga aquela fração de BTC à sua carteira virtual. Acabou.
Um BTC, por óbvio, não é um objeto. É um código de programação (criptografado – daí o “cripto” das criptos).
Mesmo se eu conseguisse hackear essa proteção e copiar o código, não conseguiria vender a cópia para outra pessoa, pois está registrado no “cartório” do Bitcoin que eu já vendi o original para você.
Também por óbvio, não há um cartório do Bitcoin. O que existe são cópias dos registros de cada transação de BTCs em diversos computadores mundo afora.
Se eu tentar roubar, o sistema vai me pegar com a boca na botija, pois saberá que aquilo já saiu da minha carteira, e agora pertence a você. Igual o apartamento.
É isso que torna o Bitcoin tão inviolável quanto um bem físico. E permite que ele seja usado como moeda.