“Eu sou uma fraude profissional”, “não sou tão bom assim”, “meu talento é uma mentira”: esses são exemplos de manifestações do problema que todo mundo chama de síndrome do impostor.
O termo correto é “fenômeno do impostor” já que ele não é oficialmente um distúrbio mental reconhecido pelos manuais científicos ou organizações como a OMS.
O fenômeno consiste na sensação crônica, recorrente, de que você não fez por merecer o cargo que ocupa, o salário que ganha, o diploma que tem ou outras conquistas.
Esses "impostores" autodeclarados atribuem seu sucesso à sorte, a surtos momentâneos de esforço ou a uma capacidade nata de engambelar os outros e passar uma boa impressão.
Isso acontece mesmo quando recebem validação externa de chefes, colegas, professores ou um estádio lotado de fãs.
Uma vez que o pensamento intrusivo se instala, uma carreira promissora pode se tornar um exercício diário de autoboicote.
O indivíduo afetado pode se abster de falar de seu trabalho publicamente ou de divulgá-lo, por medo de que os holofotes revelem a tal fraude. E assim ele perde visibilidade, oportunidades…
Outra possibilidade é se tornar um workaholic, já que a dedicação doentia é um caminho para demonstrar a si mesmo que você merece o que tem.
O sucesso não é a cura. Pelo contrário: quanto mais o impostor é elogiado ou reconhecido, mais ele sente que o castelo de cartas da sua farsa cresceu um pouquinho.
E quanto mais alto é o castelo, maior o risco de ele desabar. É um ciclo.
Essa ilusão de incompetência crônica virou um assunto recorrente nas redes sociais por volta de 2010, e a produção acadêmica reflete a popularização do tema.
Mesmo assim, o fenômeno ainda é pouco estudado e compreendido do ponto de vista científico.