É aquela história: a Idade da Pedra não acabou por falta de pedra.
Se você somar as reservas de cada país produtor, verá que existe 1,5 trilhão de barris esperando para ser extraído.
O consumo de petróleo nos últimos anos ficou, mais ou menos, em 35 bilhões de barris por ano. Se essa média continuar, teríamos petróleo só para os próximos 43 anos.
Mas o petróleo não se resume apenas às reservas oficiais. Elas só contabilizam aquilo que dá para tirar do subsolo com alguma facilidade, usando as tecnologias de hoje.
Há ainda o que a Agência Internacional de Energia chama de “petróleo tecnicamente recuperável”. Ele está em lugares de acesso difícil – sairia tão caro que seria impossível lucrar com a operação.
Essa quantidade, então, nem entra nas reservas dos países, e é difícil estimar quanto “petróleo tecnicamente recuperável” existe no mundo. Mas o xis da questão é outro.
A demanda pelo petróleo tende a diminuir, agora que EUA, China e União Europeia decidiram se tornar "neutras em carbono" – ou seja, só emitem o que der para sugar de volta da atmosfera.
A China promete sua neutralidade em CO2 para 2060. EUA e União Europeia, para 2050. E o único caminho para isso é, de fato, dar um jeito de tornar o petróleo obsoleto.
Dois terços do petróleo é usado para a gasolina dos carros, o diesel dos caminhões, o querosene da aviação (o resto vira matéria-prima para plásticos, asfalto, remédios).
Bom, os carros e caminhões já caminham para a eletrificação. Na marra, inclusive: a União Europeia pretende proibir a fabricação de motores a combustão interna até 2035.
Na aviação é mais difícil. As baterias são pesadas demais. E o hidrogênio, um combustível limpo e leve, ocupa espaço demais .
Como precisamos de algum novo salto tecnológico para viabilizar o hidrogênio na aviação, o mais provável é que a última gota de petróleo queimada estará dentro da turbina de um avião.