Algumas pessoas argumentam que o trabalho na atualidade é mais estressante do que no passado. De fato, o fenômeno do burnout parece ter um componente geracional.
Segundo uma pesquisa da Gallup, que ouviu quase 7,5 mil trabalhadores americanos, 28% dos Millennials relatam sentir burnout frequentemente, contra 21% das gerações mais velhas.
Mas a ideia de que os Millennials são a “geração do burnout” não é um consenso. Afinal, os fatores estressantes sempre existiriam.
Talvez o que explique a diferença é o fato de que os jovens falem mais sobre o assunto e busquem ajuda com mais frequência.
Mas há, no mínimo, bons argumentos para defender que de fato os Millennials simplesmente enfrentam uma onda de burnout mais intensa do que as gerações anteriores.
Quem popularizou a ideia foi a jornalista Anne Helen Petersen, autora do livro “Não aguento mais não aguentar mais: Como os Millennials se tornaram a geração do burnout”.
Um ponto é a mudança das condições de trabalho. A grande crise de 2008 deixou suas cicatrizes na história justamente quando os Millennials entravam com tudo no mercado de trabalho.
Companhias passaram a operar com estruturas mais enxutas – ou seja, menos gente para fazer mais coisas ganhando salários menores. E a cultura dos cortes de custos se manteve.
Millennials ganham 20% menos por mês do que os Baby Boomers ganhavam quando tinham a mesma idade. Dados do Fed mostram que os Millennials são a geração com menores níveis de poupança na história.
O cenário pós-2008 também é mais afeito à precarização das relações de trabalho. Como parte das políticas de cortes de custos, companhias passaram a trabalhar mais com freelancers.
No saldo geral, parece haver a combinação de dois fatores: mais estresse no trabalho e jovens falando mais abertamente sobre isso, o que resulta na percepção de uma “era do Burnout”.