Bomba fiscal americana
faz rendimento dos Treasuries disparar

ECONOMIA

Um assunto dominou o mercado financeiro no mês de outubro: os Treasuries, títulos públicos americanos (equivalentes aos do nosso Tesouro Direto). É que o rendimento deles disparou.

Isso fica visível no título com vencimento de 10 anos, que serve de referência para todos os outros. Os juros pagos chegaram a ultrapassar, brevemente, os 5% a.a – um patamar não visto desde 2007. 

Há pouco mais de um ano, esses títulos rendiam 2,6% a.a. Desde o pico de 5%, eles deram uma sossegada, mas seguem em patamares considerados altos.

Existem vários motivos para o avanço. A justificativa mais forte é o fato de que a economia americana segue resiliente, o que mantém a inflação alimentada, e pede juros mais altos do Fed. 

E quando o banco central aumenta suas taxas, o rendimento dos títulos sobe junto. Mas economistas apontam que não é só isso: o cenário fiscal do país também tem seu peso aí.

Os EUA são um dos países mais endividados do mundo, com uma proporção dívida/PIB de mais de 120% – no Reino Unido, por exemplo, são 97%, na Alemanha 68% (no Brasil, são 75%). 

O patamar dos EUA nesta década é algo que não se via desde 1946, quando chegou a conta da Segunda Guerra Mundial. 

E o governo americano segue gastando aos montes. No ano fiscal que terminou em setembro, o país registrou um déficit de US$ 2 trilhões – o dobro do ano anterior. 

Para além dos investimentos do governo Biden, que incluem gastos com infraestrutura e programas sociais, os EUA também estão financiando dois países em guerra – Ucrânia e Israel.

O jeito é emitir cada vez mais dívida. Só que o governo está imprimindo mais títulos do que a demanda consegue acompanhar – e o saldo disso é que ele precisa oferecer retornos cada vez maiores. 

Com os títulos novos pagando mais, o valor de mercado dos títulos antigos muda, de modo que eles passem a oferecer rendimentos equivalentes. 

vocesa.com.br

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