A grande diferença do Bitcoin sobre as moedas comuns é o suprimento. Há 19,4 milhões de Bitcoins (BTCs) em circulação hoje e mais 1,6 milhão de unidades esperando para ser mineradas.
Depois que minerarem a última unidade, acabou. A quantidade total será, para sempre, de 21 milhões de BTCs.
Com as moedas comuns não é assim. O suprimento de dinheiro novo cresce com o tempo. Em 2013, havia R$ 4 trilhões circulando na economia brasileira. Hoje, são R$ 10 trilhões.
É daí que vem o combustível para os aumentos de preços, ou seja, inflação. Mas isso não significa que o acréscimo contínuo do suprimento de dinheiro seja ruim.
A economia cresce com o aumento da produtividade. E o que estimula esse acréscimo contínuo é justamente a produção de dinheiro novo.
Grosso modo, o Banco Central imprime dinheiro, empresta aos bancos, e os bancos dão crédito na praça. Algum empresário toma essa grana na forma de crédito e constrói um negócio.
E aí temos mais produtos e serviços no mercado – criada a partir da emissão de dinheiro novo.
Imprimir moeda demais cria inflação, é claro, então os BCs têm mecanismos para drená-la da economia quando necessário. Mas essa é outra história.
O ponto é que o suprimento de grana, no longo prazo, sempre cresce, no mundo todo. Isso aumenta a produtividade, enquanto joga preços e salários para cima.
Se der a louca no mundo e abandonarem esse sistema em favor do Bitcoin, nunca mais haverá emissão de dinheiro novo. E sem ele acaba o jogo do crescimento contínuo dos preços e salários.
Caso a produtividade siga crescendo, os preços e salários terão de cair, já que teríamos mais coisas para comprar sem que o estoque total de dinheiro mude. Queda nos salários e deflação contínua.
A emissão de moeda nova é o motor do aumento na produtividade. Sem ela, é provável que as economias acabassem estagnadas. Ou que os PIBs de todos os países passassem a cair por falta desse estímulo.
E aí todos ficaríamos mais pobres. É basicamente o que aconteceu várias vezes ao longo da história da humanidade, quando vivíamos sob uma moeda única de suprimento limitado: o ouro. Retrocesso.