o que pensa Javier Milei, FAVORITO NA ELEIÇÃO ARGENTINA
POLÍTICA E ECONOMIA
Os argentinos vão às urnas em 22 de outubro para escolher um novo presidente, e um candidato inusitado vem liderando as pesquisas: Javier Millei.
Com a aparência desleixada e o discurso inflamado, ele segue o playbook dos populistas modernos: condena a política tradicional pela crise do país e se coloca como uma alternativa antissistema.
Sua figura é ainda mais excêntrica: ele se diz um entusiasta da não-monogamia, instrutor de sexo tântrico e afirma se comunicar com Conan, seu falecido cachorro, com a ajuda de uma médium.
Ele se considera um anarcocapitalista – posição que defende uma sociedade totalmente regulada pelo mercado, não pelo Estado. É a favor da venda de órgãos, da legalização das drogas e das armas.
Para a economia argentina, ele propõe assumir o dólar como moeda oficial, fechar o banco central e romper com a China (segundo maior parceiro comercial do país, atrás apenas do Brasil).
Economista de 52 anos, Milei só entrou para a política em 2021, quando foi eleito deputado pelo Partido Libertário. Sua ascensão foi relâmpago.
Em agosto, ele tomou a dianteira das primárias com 30% dos votos – etapa do sistema eleitoral argentino em que são definidos os candidatos, e que acaba servindo como prévia do resultado final.
Javier Milei chega ao debate público canalizando a frustração de parte do eleitorado com a crise econômica. Ele fala em cortar os gastos públicos para 15% do PIB – hoje, eles correspondem a 38%.
Para isso, ele eliminaria subsídios, reduziria o número de ministérios de 18 para 8 e substituiria serviços públicos por um sistema de licitação privada.
Economistas têm dito, no entanto, que ele teria dificuldade em cortar mais de 5 p.p. dos gastos durante os quatro anos de mandato.
A maior bandeira de Milei é dolarizar a economia, substituindo o falido peso. Parece improvável: para transformar o dólar em moeda oficial, o país precisaria, primeiro, de reservas em dólar.
Não é o caso: o país tem poucas reservas. Uma carta divulgada por um grupo de 170 economistas argentinos chamou a proposta de “miragem”.
A carta também alertou para o fato de que a dívida externa pode se agravar ainda mais caso o governo decida ir em busca de financiamento para uma dolarização.