2022, o ano sem IPOs na B3

mercado financeiro

Eis um fenômeno que não ocorria desde 1998: a bolsa brasileira fechou 2022 sem nenhuma nova empresa listada. É um abismo quando comparado aos 46 IPOs de 2021 e aos 28 de 2020.

Mesmo nos anos mais agudos de crise econômica no país, como a janela entre 2014 e 2016, sempre houve pelo menos uma abertura de capital na B3.

O ano foi especialmente complicado para quem pretendia estrear. Primeiro, os juros subiram aqui no país para 13,75% ao ano, um patamar que faz o dinheiro migrar para o conforto da renda fixa. 

E faz todo o sentido. Investir em uma empresa é um negócio arriscado. Você só faz isso se a expectativa de retorno for maior do que a taxa básica de juros. 

Quando o juro está na lua, torna-se uma missão virtualmente impossível. Até porque as empresas que acabaram de entrar na bolsa costumam não ser tão lucrativas.

Existem, grosso modo, dois cenários que fazem uma companhia vender uma fatia de si mesma. Um deles é financiar o crescimento, e nesse caso ela não está preocupada em dar lucro tão cedo. 

Quando o juro está baixinho, o investidor tem mais paciência de esperar resultados futuros.

O segundo cenário é ainda mais complicado: tem empresa que vai para a bolsa um tanto mal das pernas, com o objetivo de levantar dinheiro para pagar dívidas. 

Entre as que tentaram fazer IPO e precisaram retirar o time de campo estão a Kalunga e o Madero, justamente dois negócios que apresentaram endividamento elevado.

Mas o deserto de IPOs não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. As taxas de juros subiram no mundo todo, drenando o dinheiro que, antes, fluía para as bolsas. 

Em 2021, os EUA registraram 1.035 IPOs. Neste ano, modestos 173. Com a recessão batendo à porta dos países ricos, nada indica que 2023 será melhor. 

vocesa.com.br

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