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Mercado acorda em depressão após virada de ontem

Futuros dos EUA tombam mais de 1%, tirando força da recuperação que as bolsas gringas tinham ensaiado na segunda

Por Alexandre Versignassi, Guilherme Jacques
Atualizado em 25 jan 2022, 08h55 - Publicado em 25 jan 2022, 08h41

Se um asteroide entrasse em rota de colisão com a Terra, investidores profissionais reagiriam um pouco diferente do resto do resto da população. Começariam a vender a descoberto, para lucrar com a iminente baixa do pós-apocalipse. 

Um movimento assim (entenda melhor aqui) faz a bolsa cair – já que passa a ter mais gente vendendo do que comprando. Quando a queda vem forte, algumas ações começam a parecer baratas demais. Aí uma horda de investidores corre para comprar – sem ligar para o asteroide. 

Guardando as proporções, é o que está acontecendo agora. Há dois asteroides. Um está caindo sobre o mercado financeiro (a iminente alta de juros nos EUA, sobre a qual o Fed deve soltar mais notícias amanhã). O outro entrou em rota de colisão com a ordem mundial: a Rússia mantém 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia, prontos para invadir caso o vizinho esquente seu relacionamento com a Otan, a liga de países ocidentais criada em 1949 para conter avanços da antiga União Soviética sobre a Europa. Não se vê tamanho clima bélico na Europa desde a dissolução da Iugoslávia, nos anos 1990. 

Diante disso, o índice Stoxx 50, das maiores empresas europeias, tombou 3,94% ontem. Mas, como investidor não resiste a um pechincha, operam em alta nesta manhã (0,80%). 

Nos EUA, após quedas que roçaram nos 5% ontem, as bolsas fecharam em alta – o povo nem esperou o pregão seguinte para sair às compras. E hoje o movimento inverteu de novo: os mercados futuros dos EUA acordaram em depressão, sem querer sair da cama de jeito nenhum (veja no nosso Humorômetro do mercado, lá embaixo). 

Por aqui, há outro fator que influencia os movimentos: nossa bolsa segue extraordinariamente mais barata que suas contrapartes do mundo desenvolvido. O preço somado das ações da Vale, por exemplo, dá 4 vezes o lucro que ela obteve nos últimos 12 meses. O das ações da BHP, sua concorrente anglo-australiana, 14. 

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Tais distorções estão espalhadas por todas as áreas do nosso mercado, e atraem os caçadores de pechinchas, daqui e de fora. E é isso que pode fazer o Ibovespa descolar de uma eventual queda dos mercados globais hoje. Daí para que isso aconteça de fato são outros quinhentos. 

Boa terça! 

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -1,03%

Futuros Nasdaq: -1,54%

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Futuros Dow: -0,53%

*às 8h05

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,80%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,80%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,78%

Bolsa de Paris (CAC): 0,98%

*às 8h02

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -2,26%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,66%

Hong Kong (Hang Seng): -1,67%

Commodities

Brent: 1,15%, a US$ 87,26*

Minério de ferro: 3,68%, a US$ 138,39, no porto de Qingdao na China

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*às 7h58

Agenda

11h – FMI divulga o WEO (World Economic Outlook), relatório com as projeções e expectativas para o PIB das principais economias do mundo.

market facts

Acordo bilionário da Embraer

A fabricante brasileira de aeronaves anunciou um acordo para vender 20 aeronaves (com opção de compra de mais 30 no futuro) à empresa americana de arrendamento de aviões Azorra – todos da família de jatos de última geração da empresa, a E2. Considerado o preço de tabela, o negócio teria valor de R$ 3,9 bilhões. Não é a primeira parceria das duas companhias. Em dezembro de 2021, elas fecharam outro acordo, para que a arrendadora de aviões adquira 200 e-VTOL, o carro voador que está sendo desenvolvido pela Eve, startup criada pela Embraer. 

R$ 8 bilhões de volta aos donos

O Banco Central anunciou a estreia de uma ferramenta para pessoas físicas e jurídicas consultarem se possuem algum dinheiro eventualmente esquecido em poder de instituições financeiras. Neste primeiro momento, espera-se devolver R$ 3,9 bilhões a quem tiver direito aos recursos. São quantias de contas-correntes ou poupança encerradas ainda com algum saldo; tarifas cobradas indevidamente; cotas de capital e rateio de cooperativas de crédito; e recursos de consórcios encerrados. Ao longo do ano, novas fases deste sistema de devolução serão lançadas, liquidando os R$ 8 bilhões esquecidos sob posse dos bancos. A consulta pode ser feita no site do BC – mas o serviço enfrenta instabilidade desde ontem, quando foi anunciado.

Vale a pena ler:

Muita espuma no Vale do Silício

O iPhone foi lançado pela Apple há quase 14 anos. A invenção revolucionou o setor de tecnologia e transformou a empresa de Steve Jobs numa gigante de mercado. Mas e quais outras invenções de peso vieram depois? A Google tem investido, entre outras coisas, em computação quântica. A Tesla, em carros autônomos. Só que nenhuma dessas e outras invenções, alardeadas aos quatro ventos por companhias do Vale do Silício, chegou aos consumidores e causou grande impacto. O The New York Times explica por que. Leia aqui.

Diferentes, mas parecidos

Warren Buffet e Cathie Wood têm estilos de investimento diametralmente opostos. Ele, através da Berkshire Hathaway, atua com foco no longuíssimo prazo. Ela privilegia ações de crescimento rápido. Seja como for, ambos obtiveram resultados semelhantes nos últimos dois anos. A Berkshire entregou rendimentos de 35%; o ARK, fundo de Wood, 39%. A Bloomberg Línea comenta o caso. Aqui.

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(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Nos EUA, antes da abertura do mercado, saem os balanços de 3M, General Eletric, Johnson & Johnson e Verizon. Depois do fechamento, da Microsoft.

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