Petrobras abre a torneira dos dividendos de vez; veja quanto ela quer pagar
Anúncio fez a ação disparar e levou o Ibovespa de carona: alta de 1,24% em dia de feriado nos EUA.
Enquanto os investidores americanos descansavam no feriado de Ação de Graças, os brasileiros aproveitaram a quinta-feira para recuperar as perdas recentes e colocar o Ibovespa no azul. O dia foi de alta generalizada, com somente 12 ações das 92 fechando em queda, e o índice ganhou 1,24%, retomando o patamar de 105 mil pontos. O dólar caiu 0,53%, a R$ 5,5650.
Quem realmente puxou o Ibovespa foi a Petrobras. Após o fechamento do mercado ontem, a companhia divulgou seu plano de investimentos para os próximos quatro anos e junto uma mudança na política de pagamento de dividendos.
A companhia passará a fazer desembolsos trimestrais, e disse que vai pagar pelo menos US$ 4 bilhões (R$ 22 bilhões) em dividendos por ano, não importando muito quanto a empresa gerou de lucro e nem o nível de endividamento da companhia. A única condição é que o preço do petróleo tipo Brent, referência internacional, fique acima dos US$ 40 por barril – atualmente, a commodity é negociada na casa dos US$ 80.
A política atual de dividendos também não levava o lucro em consideração, mas dependia da redução da dívida, uma medida adotada na saída da crise do controle de preços, no governo Dilma Rousseff, e da Lava Jato.
O anúncio confirma que a estatal se tornou uma companhia pagadora de dividendos. O dividend yield dos últimos 12 meses está em 8% – ante a média do Ibovespa de 4%. Para o próximo ano, bancos e corretoras chegaram a calcular rendimento de 20% com a distribuição de lucros.
Agora que existe uma política ainda mais clara para isso, investidores se animaram: as ações tiveram forte alta – PETR4 4,41% e PETR3 4,13%. Juntos, vale lembrar, os papéis correspondem a cerca de 10% de todo o Ibovespa.
A política generosa de dividendos vem com um retrogosto: a confirmação de que a companhia pretende seguir fiel à política que prevê seguir a paridade internacional de preços. A alta dos combustíveis é hoje um dos motores da inflação global. Quem mais reclama disso é o governo, que também se beneficia dos dividendos.
No total, a Petrobras prevê pagar entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões entre 2022 e 2026. Desse montante, entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões devem ser pagos à União, a maior acionista da empresa.
No começo do mês, Bolsonaro criticou a empresa por pagar “dividendos absurdos”; vira e mexe, cita a possibilidade de privatizar a empresa. Mas ninguém leva muito a sério as declarações do presidente, e, embora outras figuras políticas importantes como Arthur Lira e Rodrigo Pacheco também terem falas críticas ao lucro da empresa, o risco político foi deixado de lado nesta quinta-feira.
Além da estatal, o otimismo foi generalizado na Faria Lima num dia morno. Sem pregão nas bolsas americanas para ditar o humor internacional, investidores pedalaram as preocupações com o cenário fiscal para semana que vem. A previsão é que a PEC dos Precatórios seja votada no Senado, e a incerteza é grande. Segundo informações do Globo, o Planalto não espera que o projeto seja aprovado na casa.
No fim, se os americanos estão de folga, a Faria Lima decidiu relaxar também. Até amanhã.
Maiores altas
Gol (GOLL4): 9,69%
Banco Pan (BPAN4): 8,27%
CVC (CVCB3): 6,87%
Eztec (EZTC3): 5,57%
BTG Pactual (BPAC11): 5,35%
Maiores baixas
Marfrig (MRFG3): -2,86%
JBS (JBSS3): -2,45%
NotreDame Intermédica (GNDI3): -2,17%
Hapvida (HAPV3): -2,08%
Natura (NTCO3): -1,99%
Ibovespa: 1,24%, aos 105.811 pontos
Em Nova York: feriado, sem negociação
Dólar: -0,53%, a R$ 5,5650
Petróleo
Brent: -0,16%, a US$ 80,92
WTI: Feriado nos EUA, sem negociação
Minério de ferro: -0,39%, a US$ 102,35 por tonelada no porto de Qingdao (China)