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EUA ensaiam uma pausa após quebra de recorde

Índices futuros amanhecem andando de lado, à espera de mais dados positivos – matéria prima em falta por aqui.

Por Alexandre Versignassi, Bruno Carbinatto
Atualizado em 22 out 2021, 08h55 - Publicado em 22 out 2021, 08h29

S&P 500 19% X -15% Ibovespa. Este é o placar entre o índice mais importante dos EUA e o nosso até o momento: o deles vive um recorde histórico; o nosso, o pior patamar do ano.

Os dois casos surpreendem. Se por aqui ninguém esperava a dinamitação do teto de gastos, que derrubou o Ibov, lá fora o inusitado tem sido a (boa) temporada de balanços, que deu um impulso extra às ações gringas. De acordo com o JP Morgan, nove em cada dez empresas divulgaram resultados melhores do que aqueles esperados pelo mercado. 

Não é só isso. O mercado de trabalho também parece em franca recuperação nos EUA. O número de pedidos de entrada no seguro desemprego por lá caiu para o menor nível desde março de 2020: 290 mil na semana passada – versus 296 mil na semana anterior.

A onda positiva dos EUA girou o mundo nesta sexta. O Euro Stoxx 50 batia quase 1% no início da manhã, e o índice chinês CSI 300 fechou em alta de 0,64% nesta madrugada. 

Da China, veio um alívio extra. A mega construtora Evergrande poderia ter decretado falência nesta terça – um calote de US$ 300 bilhões, com potencial de infectar todo o sistema financeiro chinês, com consequências inevitáveis para o resto do mundo. 

Mas não foi desta vez. A companhia pagou US$ 83 milhões de juros que venciam hoje. Se não tivesse pagado, a falência estaria decretada. O governo chinês não diz se está ou não ajudando a empresa, de modo a evitar o pior. Mas o fato é que o pior não veio.  

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Agora que a bonança americana rodou o planeta, estamos de volta ao marco inicial: as expectativas para a abertura de mercado nos EUA. Bom, hoje elas amanheceram pensativas: o índice futuro do S&P 500 anda de lado, em 0,01%.

Aconteça o que acontecer ao longo do dia, uma coisa é fato: o Ibovespa estará olhando mais para Brasília do que para o resto do mundo. À imagem e semelhança do governo Bolsonaro, do qual 4 membros-chave da equipe econômica pediram para sair após os embustes de ontem, o país está isolado.    

Sextemos com isso.

humorômetro: o dia começou sem tendência definida

Futuros S&P 500: -0,01%

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Futuros Nasdaq: -0,26%

Futuros Dow: +0,07%

*às 7h30

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): +0,97%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): +0,49%

Bolsa de Frankfurt (Dax): +0,70%

Bolsa de Paris (CAC): +1,03%

*às 7h30

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): +0,64%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): +0,34

Hong Kong (Hang Seng): +0,42%

Commodities

Brent: +0,60%, a US$ 85,12*

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Minério de ferro: +2,22%, a US$ 119,52 por tonelada no porto de Qingdao (China)

*às 7h33

Agenda

10h45 Nos EUA, é divulgado o PMI composto de outubro, índice que mede a atividade econômica

market facts

Big techs em apuros

As ações das empresas de tecnologia americanas caíram em bloco no after market da quinta-feira após a divulgação dos resultados do Snap, dono do Snapchat, o popular aplicativo de troca de fotos e vídeos. A empresa teve uma receita bem abaixo do esperado pelo mercado – e jogou a culpa, em partes, na Apple. É que a companhia da maçã mudou sua política de coleta de dados dos usuários para favorecer a privacidade, mas, segundo o Snap, acabou dificultando a personalização e acompanhamento dos seus anúncios, a principal fonte de grana da rede social. 

Os papéis do Snapchat chegaram a cair impressionantes 30% no after hours americano, levando junto o Facebook e o Twitter, cujas ações caíram quase 6%. Agora, todos os olhos estão nos balanços da empresa de Zuckerberg e do passarinho azul, que serão liberados na segunda e terça-feira, respectivamente. O mercado quer saber se as mudanças da Apple também afetarão também as outras redes cujos negócios dependem dos dados dos clientes para suas campanhas de anúncios.

Novas regras

O Fed – Banco Central americano – anunciou uma série de mudanças nas suas regras para os dirigentes do órgão, com o objetivo de evitar conflitos de interesse. Entre elas, está a proibição de compra de ações individuais por parte dos membros do alto escalão, além da exigência de um aviso prévio de 45 dias para qualquer movimento no mercado financeiro feito por essas autoridades – e toda transação deve ser aprovada por um comitê de ética. As medidas vêm após críticas de possíveis conflitos de interesse, que levaram inclusive à renúncia de dois dirigentes regionais do Fed, Robert Kaplan (Boston) e Eric Rosengren (Dallas) – foi revelado que eles eram ativos no mercado financeiro, mesmo quando faziam parte da equipe responsável por ditar o rumo da política econômica do país.

Vale a pena ler:

É possível reforçar o Auxílio Brasil sem furar o teto de gastos?

No Estadão, especialistas em contas públicas debatem como aumentar os gastos sociais sem ter que recorrer à gambiarra no teto de gastos que derrubou a bolsa. Leia aqui.

O joio e o trigo 

A pandemia de Covid-19 começou uma corrida entre empresas para atrair e reter os melhores talentos do mercado. Nos EUA, o incentivo tem sido o mais óbvio: aumentar salários. Mas a estratégia, por si só, pode não ser a mais inteligente no longo prazo. Pesquisadores americanos argumentam que o melhor caminho é identificar os talentos mais promissores e “entusiastas” do negócio – e focalizar os incentivos nesse pessoal. E eles explicam como fazer isso neste artigo da Harvard Business Review (em inglês).

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