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Bolsa faz pausa para respirar e perde os 130 mil pontos

Seis pregões de recordes foram sucedidos por quatro dias de vai-não-vai. Nos EUA, índices fecharam nas máximas.

Por Tássia Kastner
11 jun 2021, 18h58

Tem alguém cansado aí? Depois de seis pregões de recordes consecutivos, o Ibovespa decidiu fazer uma pausa e ficou rondando os 130 mil pontos. Foram quatro dias nesse vai-não-vai. No fim, terminou a semana em queda, a 129.441 pontos. Outra prova de exaustão é o volume de negócios. Nesta sexta, foram movimentados R$ 20 bilhões, quando a média diária do ano ronda os R$ 35 bilhões.

Quem salvou o dia foi o noticiário corporativo – mas não muito. Das 84 ações do índice, 64 caíram. Entre as baixas, temos a Petrobras.

A estatal anunciou nesta sexta a redução de 2% no preço da gasolina, mas subiu em 6% o preço do gás de cozinha. O lance é que o petróleo ronda as máximas históricas (nos US$ 72 o barril do brent). Por outro lado, dá para dizer que o dólar passou a cair, o que aliviaria o cálculo da política de preços da estatal. Tudo certo, exceto que analistas do mercado financeiro dizem que o preço dos combustíveis aqui continua mais barato que lá fora. 

A redução da gasolina tende a trazer um alívio de curto prazo para o consumidor, o que pode vir a amenizar a queda de popularidade do presidente. A inflação superou os 8% no acumulado em 12 meses, enquanto os salários não aumentam. Sem falar que a gasolina pega a classe média, enquanto o gás de botijão tem um peso no orçamento dos mais pobres.

O diesel, que está nos preços de todos os produtos desse país (já que tudo roda em caminhões) não se mexeu dessa vez. E diga-se, caminhoneiros, que formam a base do presidente, estão incomodados com a falta de apoio.

Quando saiu a notícia da redução do preço da gasolina, as ações da estatal chegaram a perder mais de 1%. No fim, terminaram o dia com uma baixa modesta: -0,38% na PETR4.

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Dessa vez, o presidente Jair Bolsonaro não comentou a decisão. Ele passou o dia em viagens e chegou a entrar em um avião de carreira, no aeroporto de Vitória, para cumprimentar eleitores. Encontrou alguns seguidores, mas a verdade é que ele foi recebido a vaias e xingamentos.

Não foi um dia tranquilo na política. De acordo com a pesquisa XP/Ipespe, 50% consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo e ainda mostrou que o ex-presidente Lula segue na preferência dos eleitores contra o atual mandatário.

Só que, no mercado financeiro, a forma como a história é contada importa. E hoje, ninguém fala em política para justificar o sobe e desce da bolsa. Ainda mais depois dos recordes seguidos. A queda de hoje fica na conta da realização de lucros e do noticiário corporativo. Vamos a ele.

BRF

A saga da empresa continua. O Globo noticiou nesta sexta que a JBS prepara uma ofensiva sobre a dona das marcas Sadia e Perdigão, marcando mais uma reviravolta num dos episódios mais inusitados da história recente da bolsa brasileira.

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Em maio, a Marfrig começou a comprar ações do frigorífico especializado em aves e suínos até chegar à marca de quase 33% dos papéis da companhia. Mais do que isso, seria acionado o mecanismo chamado de poison pill. Qualquer acionista que ultrapasse 33,33% do capital da BRF tem o prazo de 30 dias para fazer uma oferta pública de compra de ações para todos os demais acionistas. Não só, ele precisa pagar 40% a mais que o valor de mercado nessa oferta.

O mecanismo existe justamente para evitar essas tomadas de assalto como a da Marfrig e mesmo um eventual revide da JBS. É que esse risco só existe porque a BRF é uma empresa “sem dono”, que o mercado financeiro chama de corporation.  A JBS disse que não comenta especulações de mercado. 

O lance é que, nesse rebuliço, as ações da BRF voltaram a subir e fecharam como a segunda maior alta do dia (+3,94%).  

Só perdeu para a Embraer, que acumula o segundo dia no pódio do Ibovespa. Dessa vez, a alta foi de “apenas” 5,10%. Ontem, ela havia disparado mais de 15%. O motivo é o mesmo: as atenções estão voltadas ao interesse do mercado na subsidiária Eve, que vai produzir carros voadores elétricos. Explicamos a história aqui ontem.

Privatize-se?

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Quem fechou o pódio foi a Sabesp. Segundo o Valor Econômico, o governo de São Paulo decidiu contratar uma consultoria para estudar a privatização da estatal de saneamento. Ao jornal, o secretário da Fazenda de SP disse que “muito provavelmente” a tarefa ficará com o IFC (International Finance Corporation), braço privado do Banco Mundial.

A volta do tema à pauta sempre anima investidores. Aí as ações subiram 2,66%.

E daqui para frente

Existe uma outra explicação para essa cautela de investidores nos últimos dias. Semana que vem a agenda será pesada. Na quarta, o Banco Central decide qual será a nova taxa de juros do país – com as apostas todas convergindo para o aumento de 0,75 ponto percentual já pré-sinalizado pelo BC.

Só que essa será uma superquarta. Além do nosso BC, o Fed (o Banco Central dos EUA) discute sua política monetária. Ontem saiu da inflação americana, a maior desde 2008. Investidores de lá, porém, serenaram os ânimos e Wall Street fechou nas máximas.

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Resta saber o que espera o mercado financeiro na próxima semana. Bom fim de semana e feliz dia dos namorados. <3

MAIORES ALTAS

Embraer +5,10%

BRF +3,94%

Sabesp +2,66%

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Gerdau +2,68%

Vale +2,24% 

MAIORES QUEDAS

Iguatemi -4%

Raia Drogasil -4,32%

Carrefour -3,98%

Ecorodovias -3,75%

Cielo -3,65%

Ibovespa: -0,49%, a 129.441 pontos

Dólar: +1,12%, a R$ 5,1227

Nova York

Dow Jones: +0,04%, a 34.480,65 pontos

S&P: +0,20%, a 4.247,47 pontos

Nasdaq: +0,35%, a 14.069,42 pontos

Petróleo 

WTI: +0,74%, a US$ 70,81

Brent: +0,12%, a US$ 72,61

Minério de Ferro

+1,12%, a US$ 219,26 a tonelada, no porto de Qingdao

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