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Caixa salva bolsa brasileira do tédio – e ela nem tem ações na B3

IPO da Caixa Seguridade andou mais um passo e BTG anunciou compra da fatia do banco público no Pan. Ibovespa e NY ficaram no zero a zero.

Por Guilherme Eler e Tássia Kastner
6 abr 2021, 19h25

Após andar na corda bamba o dia inteiro, o Ibovespa fechou a terça-feira (6) praticamente estável: queda ligeira de 0,02%. Foi dia de novela aqui e lá fora: em Brasília, ainda discutem o que fazer com o Orçamento federal de 2021 e o teto de gastos; lá fora o assunto é o pacote de infraestrutura proposto por Joe Biden, que num dia o pessoal gosta, noutro não.

Mas se nada aconteceu no núcleo principal da novela, não se pode dizer o mesmo das tramas paralelas. Elas fizeram o dia da B3 ser tão emocionante quanto o da Lurdes, de Amor de Mãe, que vai finalmente sair do cativeiro. Nós estamos falando da Caixa, que nem ações em bolsa tem.

Nesta terça, o banco público anunciou a faixa indicativa de preço de venda das ações da Caixa Seguridade, a sua holding de seguros. O IPO (ou o início da oferta pública inicial de ações, em economiquês) deve sair entre R$ 9,33 a R$ 12,67. Ou seja, se a oferta sair no topo do preço, o banco poderá levantar até R$ 5,7 bilhões. 

Nesse momento, é uma sugestão da Caixa. Agora os bancos de investimento, que organizam o IPO, vão atrás dos investidores e eles fazem as suas ofertas, que podem ser, inclusive, a um preço maior ou menor que o sugerido esse é o chamado bookbuilding, que vai até o dia 27 de abril. Se tudo der certo, as negociações das ações, sob o ticker #CXSE3, começam dia 29. A notícia de abertura de capital da Caixa Seguridade respigou em outra companhia do setor de seguros: a SulAmerica liderou os ganhos do Ibovespa, fechando em alta de 4,27%.

Tem motivo para festejar: essa oferta de ações tem sido prometida desde março de 2019, sempre com datas para os próximos meses. E, como você pode notar, ainda não aconteceu. Em 2019, os juros ainda estavam mais altos e havia menor apetite de investidores para ofertas tão grandes. Em 2020, a pandemia prejudicou. E tinha uma fila de outras vendas na bolsa, como a da área de cartões e agora até o banco digital criado para o pagamento do auxílio emergencial.

Um outro plano da Caixa desencantou nesta terça: a venda da participação no Banco Pan. No começo de março, o banco público havia anunciado o plano de venda de ações na bolsa para deixar o Pan, do qual era acionista desde 2010. Naquela época, a instituição ainda se chamava Panamericano e tinha como controlador Silvio Santos (eis um dia bastante televisivo nesse Fechamento de Mercado). Em 2011, o banco foi vendido pelo Homem do Baú para liquidar dívidas, foi quando o BTG entrou na jogada.

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Agora, o BTG Pactual vai ficar com 100% do Pan. Ele anunciou um acordo para comprar os 35,5% que pertenciam à Caixa por R$ 3,7 bilhões. São R$ 11,42 por cada uma das mais de 323 milhões de ações ordinárias detidas atualmente pela Caixa. Os investidores gostaram da ideia, e a notícia levou a uma alta de 14,50%. As ações fecharam cotadas a R$ 12,87.

A transação precisa passar pela aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O BTG, que subiu 0,17%, justificou a compra. Disse que o plano é utilizar a marca como complemento de sua estratégia digital. O BTG lançou o seu banco digital de varejo no segundo semestre do ano passado, com um perfil de alta renda. O Pan, por outro lado, se consolidou no atendimento das classes D e E.

Isso tudo ajudou a dar uma animada em que se dispôs a olhar além do Ibovespa. Mas não muito, é verdade. O volume financeiro negociado na B3 hoje foi de apenas R$ 24,7 bilhões, bem abaixo da média diária de 2021, que é de R$ 36,9 bilhões. 

O dia só não foi mais tedioso por causa das companhias siderúrgicas, como a CSN (3,62%) e a Usiminas (3,46%). Elas foram alavancadas pela nova alta do minério de ferro. No porto de Qingdao, a tonelada da commodity teve alta de 1,4%, a US$ 170,90. Só nos primeiros dias de abril, a valorização já é de 3,5%; em 2021, o ganho é de 6,5%. Só que a Vale, que como quem lê a VC/SA sabe, subiu 6% ontem, foi na contramão do setor. Sofrendo o que o mercado chama de realização de lucros, a estatal não se aproveitou do bom momento da commodity, fechando em queda de 1,3%.

E isso ajudou, claro, a deixar o Ibovespa no zero a zero. A notícia positiva por aqui foi o alívio no dólar, que fechou abaixo dos R$ 5,60 – queda de 1,41%. Mas a animação não deve durar muito tempo. Encontrar uma saída para o Orçamento de 2021 promete ser tão (ou mais difícil) quanto a Lurdes achar o Domênico.

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Maiores altas

SulAmerica: 4,27%

Fleury: 3,90%

CSN: 3,62%

Usiminas: 3,46%

Natura: 2,61%

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Maiores baixas

Bradesco (BBDC3): -2,00%

Petrobras: -1,63%

Bradesco (BBDC4): -1,58%

Cosan: -1,51%

Iguatemi: -0,97%

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Ibovespa: -0,02%, aos 117.498 pontos

Bolsas americanas

Dow Jones: -0,26%, a 33.430,84 pontos

S&P 500: -0,10%, a 4.073,83 pontos

Nasdaq: -0,05%, a 13.698,38 pontos 

Petróleo

Brent: +0,95%, US$ 62,74

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WTI: +1,16%, a US$ 59,33

Dólar

-1,41%, a R$ 5,59

Minério de ferro

Alta de 1,4% no porto de Qingdao, na China, para US$ 170,90. 

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