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Do YouTube para suas mãos: Nath Finanças estreia no mercado livreiro

Primeiro livro da influenciadora digital, "Orçamento Sem Falhas" tem narrativa leve e fácil de ler, que você pode conferir neste trecho inédito.

Por Monique Lima
Atualizado em 14 jan 2021, 15h05 - Publicado em 8 jan 2021, 06h00

Atire a primeira moeda quem nunca compartilhou um meme sobre boletos e dívidas. Finanças pessoais passaram a ser um assunto popular em grande parte por conta de influenciadores digitais como ela, Nathália Rodrigues, mais conhecida como Nath Finanças (não confunda com a outra Nathalia das finanças, a Arcuri, do canal Me Poupe!). Em 2018, quando mal tinha completado 20 anos, ela criou o canal Finanças com a Nath, voltado às classes C e D – um nicho pouquíssimo explorado na divulgação econômica. Natural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a influencer passou a ensinar a quem ganha pouco como controlar melhor o orçamento e investir com dinheiro minguado.

Deu certo: seu canal, agora batizado de Nath Finanças, conta com 200 mil inscritos no YouTube, 290 mil seguidores no Instagram e 425 mil seguidores no Twitter. Ela também toca o podcast “Boletos Pagos com Nath Finanças”, em parceria com o Spotify, e agora lança seu primeiro livro, Orçamento sem Falhas, pela Intrínseca. O foco de Nath está em estudantes, estagiários, desempregados e trabalhadores de baixa renda. Mas, mesmo não se enquadrando em nenhum desses perfis, saiba: o que ela tem a dizer é universal. Serve para todo mundo, com o bônus de uma narrativa leve, gostosa de ler.

Tem dúvidas? Então leia este trecho inédito que selecionamos do livro.


TRECHO DO LIVRO 

Capítulo 2 – Nossa relação com o dinheiro 

Os primeiros aprendizados

Você conversa com frequência sobre dinheiro com a sua família? Quando você era criança, alguém falou com você sobre as despesas da casa, quanto custavam as compras do mês, a conta de energia elétrica…?

Provavelmente, sua resposta foi “não”. Assim como você, eu não conversava sobre os boletos da casa. Às vezes, nossos pais não querem compartilhar com a gente a dor de cabeça que é a dificuldade para fechar as contas. Mesmo assim, as crianças sentem o climão no final do mês. Você já viu seus pais discutindo sobre dinheiro e se perguntando o que cada um comprou aqui e ali durante o mês? Como é que vão fazer para pagar tudo? Provavelmente, sua resposta foi “sim”.

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(…) Então, depois de passar a infância sem nem saber o que significa uma conta bancária, qual é a real diferença entre conta-corrente e poupança, chega nossa vez de abrir uma conta no banco e ganhar dinheiro. E nos deparamos com a dificuldade até mesmo de entender certos termos financeiros para usar essa conta, e com isso fica difícil fugir de complicações.

Comigo foi assim. Não consigo deixar de pensar que, se eu tivesse aprendido sobre finanças antes, não teria me enrolado com meus primeiros salários e talvez tivesse me organizado para que eles fossem direto para os boletos. Além disso, teria economizado dinheiro em tarifas desnecessárias e economizado também muito tempo em algumas situações.

Abri uma conta com tarifas, e pagava para o banco R$ 40,00 por mês dos R$ 500,00 que eu recebia! Só não me deram um cartão de crédito porque eu era menor de idade.

No meu primeiro emprego (em que eu ganhava R$ 500,00, trabalhava sábado e domingo e ainda chegava em casa às dez da noite), fui “obrigada” a abrir uma conta-corrente em um banco que a empresa escolheu para mim (se identificou?). Demorei duas horas para abrir a conta, cara… Fiquei com tanta raiva! Como eu ainda era menor de idade, minha mãe foi comigo e ficamos tanto tempo lá que deu a hora do almoço e tivemos que esperar os funcionários do banco voltarem.

Isso foi em 2015. Eu ainda não sabia da existência dos bancos digitais, que não têm filas e outros problemas de agências físicas. Para piorar, abri uma conta com tarifas, e pagava para o banco R$ 40,00 por mês dos R$ 500,00 que eu recebia! Só não me deram um cartão de crédito porque eu era menor de idade.

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Saí de lá com fome e estressada, mas ao mesmo tempo feliz, afinal eu tinha um emprego, né? Um salário de R$ 500,00 para quem estava revendendo revista e ganhava menos que isso estava excelente!

Por essa história, dá para perceber como nossa relação com o dinheiro durante nosso crescimento afeta nossa vida quando ficamos mais velhos. Se eu tivesse tido acesso à informação e educação financeira desde cedo, não aceitaria abrir conta em um banco que não tivesse eficiência para realizar procedimentos simples, como abrir uma conta. Eu saberia o que significava cheque especial, cartão de crédito, e com certeza não pagaria tarifas bancárias.

No fim das contas, o que assimilamos em casa é a relação conturbada que nossos familiares geralmente têm com dinheiro: dificuldades de organização, dívidas, estresse com bancos, brigas… É tanto climão em volta do assunto “dinheiro” que ele acaba se tornando um verdadeiro tabu. (…) Essas experiências negativas estão por trás, por exemplo, da nossa vergonha em dizer “não” quando aquele amigo nos chama para sair, mas não temos dinheiro.

Sabe aquele amigo que sempre tem uma grana e que quando você fala “tô sem dinheiro” ele responde “eu também, tenho só R$ 30,00”? AMADO? Eu não tenho DINHEIRO NENHUM.

Um dos maiores erros que cometemos é ficarmos desconfortáveis de dizer “não”. Para seguir em frente depois de ter dito “sim”, acabamos usando coisas como cartão de crédito e cheque especial, que na verdade representam um dinheiro que não é nosso. Cartão de crédito e cheque especial são um dinheiro que pegamos emprestado do banco. Fazer uso disso acaba prejudicando nossa vida financeira aos poucos. Às vezes, chegamos ao ponto de ter medo de abrir o extrato da conta bancária e a fatura do cartão de crédito, para não ver esses gastos. Evitamos a todo custo encarar a realidade. (Esse é um grande erro. Vamos conversar sobre isso.)

Uma situação em que é muito comum as pessoas dizerem “sim” só para evitar um desconforto imediato é quando aquele atendente supereducado oferece um cartão da loja. Muitas vezes, você nem precisa do cartão, que na verdade vai acabar sendo um inconveniente para suas economias, mas mesmo assim sente obrigação de aceitar. Parece que você não tem saída. Mas você tem. É preciso aprender a dizer “Não, obrigada”, com um belo sorriso.

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No nosso dia a dia existem muitas dessas armadilhas que nos deixam às vezes com vergonha, desconfortáveis, e nos obrigam a consumir. Além dessas situações de funcionários de lojas oferecendo cartões, podemos ver outras, como nos supermercados, quando embalam junto com o produto que precisamos comprar outro que não queremos, aumentando o valor final.

Às vezes ficamos constrangidos porque não estamos na moda. As lojas lançam diversas coleções de roupas pensando nisso. Tem loja que troca de vitrine toda semana. Querem convencer os clientes de que eles precisam ter a roupa do momento, mesmo que uma blusa ou uma calça quase sempre durem mais de um ano.

(…) Existe uma ideia difusa de que o sucesso significa poder de consumo, e essa lógica faz a gente acreditar que, se não tivermos determinados produtos ou não usarmos certos serviços, somos fracassados. De certa forma, o consumo é um meio de nos relacionarmos socialmente, e são muitas as pessoas que cedem a essa pressão. Logo, podemos perceber que a educação financeira surge para muita gente como um meio de libertação.

Ter educação financeira desde cedo pode mudar nossa vida para melhor. O conhecimento nos ajuda a desenvolver o hábito de anotar os gastos e a entender sobre juros, tarifas, taxas, investimentos e sobre o mercado financeiro em geral. Evita a sensação incômoda de não entender nada quando falam no Jornal Nacional sobre taxa Selic, IPCA e bolsa de valores.

Além disso, entender como funciona a lógica do dinheiro evita outra consequência, que afeta sobretudo os trabalhadores autônomos: não saber dar um preço justo para o próprio trabalho. Se você é autônomo, já deve ter sentido aquele medo de cobrar um valor alto demais e acabar perdendo o cliente, ou a dúvida de quanto realmente vale sua hora de trabalho, seu esforço, seu talento.

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Conversar sobre dinheiro sem climão é fundamental, já que a educação financeira pode transformar nossa vida. Transformou a minha.

Minha forma de consumir e de pensar mudou desde que tive contato com a educação financeira. Eu era uma pessoa que, mesmo tendo boletos para pagar, comprava blusinhas e sapatos sem necessidade. Às vezes comprava uma roupa para usar em algum evento específico, e, depois dessa única vez, ela ficava parada no armário. Quando mudei minha forma de me relacionar com os produtos, parei de gastar dinheiro à toa. Agora, sempre que penso em comprar uma blusinha, faço alguns questionamentos: 1) Onde vou usar? 2) Posso encontrar por um preço menor?

Hoje em dia, quase sempre compro roupas que eu possa usar em diversas ocasiões, não apenas em um evento específico. Então busco peças que, ao mesmo tempo, fiquem bem para uma festa, um encontro, uma reunião, ao serem combinadas com outras, com um acessório… Ao comprar, penso até como vou poder usar a roupa quando ela estiver velhinha.

Um dos maiores erros que cometemos é ficarmos desconfortáveis de dizer “não”. Para seguir em frente depois de ter dito “sim”, acabamos usando coisas como cartão de crédito e cheque especial.

Como falei, as lojas de roupas trabalham com coleções. Peças de coleções antigas costumam ser mais baratas do que as recém-lançadas. Ficar de olho nisso é um exemplo de como gastar menos.

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Essas perguntas servem tanto para roupas como para outros produtos. Comprar objetos mais fáceis de reutilizar e prestar atenção em como funcionam as variações de preço para a mercadoria que você deseja são dicas que eu gostaria de dar para a Nath do passado.

Se soubesse tudo que sei hoje em dia, a Nath de anos atrás saberia que não precisava de determinados itens, que ela poderia guardar o dinheiro em vez de gastar desnecessariamente, e hoje eu teria uma situação financeira mais confortável. Então, se você quer que seu “eu” do futuro tenha uma relação melhor com o dinheiro, comece a mudar hoje. Agora mesmo, no momento em que está lendo este livro. Uma pergunta fundamental para começar é:

O que você quer fazer com seu dinheiro daqui a dois, cinco, dez anos? Por exemplo, pode ser que daqui a dois anos você queira quitar uma dívida, ou que planeje terminar de pagar o carro daqui a cinco anos, ou pode ter em mente comprar uma casa daqui a dez anos. O que você quer? Não é só para pensar sobre isso, é para responder.

Ter isso em mente é um passo importante para você começar a cuidar do seu “eu” do futuro e evoluir sua relação com o dinheiro.

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(Arte/VOCÊ S/A)

 

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